As intensas ondas de calor que marcaram o verão ficaram para trás, mas o outono ainda deve registrar temperaturas acima da média em boa parte do Brasil. A nova estação, que começou no final de março, chega com um cenário climático de neutralidade, sem influência dos fenômenos El Niño e La Niña, que costumam impactar o regime de chuvas e a temperatura.
De acordo com o pesquisador da Unesp, Luiz Felippe Gozzo, embora não sejam esperados eventos extremos como os do verão, a tendência é de um período mais seco em algumas regiões Sul e também em São Paulo e Mato Grosso do Sul.
“A redução das chuvas pode impactar os reservatórios e o abastecimento, especialmente em grandes cidades e pólos industriais. Apostar em soluções, como o reúso da água, podem fazer a diferença especialmente na segurança hídrica das indústrias a longo prazo”, alerta Fernando Carvalho, Diretor Presidente da Opersan, empresa especializada em soluções ambientais para o tratamento de águas e efluentes.
De acordo com o diretor, esses riscos iminentes reiteram a necessidade de implementar o reúso da água como prática alternativa para abastecimento dos setores industrial e urbano. “Essa é uma opção eficaz para a redução do consumo da água utilizada por esses grandes consumidores, preservando os recursos naturais cada vez mais escassos”, afirma.
“Neste primeiro e grave momento, independentemente das ações dos governos e órgãos multilaterais na agenda do clima, as empresas, que são grandes consumidoras de água, em especial no setor industrial, têm responsabilidades na busca de soluções sustentáveis”, afirma Fernando. Para ele, também precisa ser considerado o fato de que a poluição e o aumento na geração de contaminantes emergentes (produtos tóxicos não removidos pelos processos tradicionais de tratamento) têm impactos graves no meio ambiente e consequentemente para a saúde da população.
Considerando que as indústrias necessitam de recursos hídricos de diferentes e restritos padrões de qualidade, uma das principais soluções é a aplicação de tecnologias avançadas para o tratamento de seus efluentes e produção de água de reúso, pois atualmente os mananciais encontram-se escassos e com a presença de contaminantes não passíveis de tratamento pelos processos convencionais comumente encontrados.
De acordo com a 16ª edição do Ranking do Saneamento do Instituto Trata Brasil (ITB), publicado em 2024, cerca de 32 milhões de pessoas não têm acesso à água potável e 90 milhões não possuem acesso à coleta de esgoto no País. Embora o Brasil tenha a maior reserva de água doce do planeta, com 12% do total, estamos expostos aos riscos futuros de um desabastecimento e ainda não conseguimos suprir 100% de nossa população com água potável.
