Texto: Ana Cecilia Paglia (estagiária)
Supervisão: Monique Manganaro e Reinaldo Silva
A amamentação é um momento que fortifica o laço de amor entre mãe e filho. Mas, para algumas mulheres, nem sempre é fácil. Aconteceu com Priscilla Caroline Andrade, mãe do pequeno João Vitor, de 1 ano e 7 meses, que enfrentou dificuldades no início do período lactante.
“Eu me sentia frustrada, para mim era um misto de sentimentos, me sentia triste, ficava achando que não era capaz de amamentar meu filho.”
O principal obstáculo foi a pega incorreta do bebê na mama. Nessas situações, o recém-nascido mama de forma errada e causa dores e ferimentos nos seios. Tentando solucionar esse problema, Priscilla recorreu a diversos métodos. Ofereceu bicos artificiais e leite fórmula infantil no copo, pois não queria ter o risco de o bebê não pegar mais o peito. Por conta da pega incorreta, João Vitor sofreu com gases e cólicas, que duraram aproximadamente até o terceiro mês de vida. Essa dificuldade ao amamentar se estendeu por 20 dias.
Ao tentar entender o problema, Priscilla pesquisou e descobriu as atribuições da doula, profissional que acompanha a mulher durante a gestação e nos primeiros meses após o nascimento do bebê. Com esse conhecimento, ela conheceu Tainara Andrade, doula e consultora de amamentação, e a contratou para ser orientada.
“Ela veio até minha casa no momento em que meus seios estavam empedrando por conta do leite que não estava sendo sugado e, com pouco tempo de consulta, detectou que o problema era a pega do bebê. Assim, trouxe a solução, me ensinando como posicionar meu filho, como proceder antes de amamentar e como drenar aquele leite que estava sobrando”, explicou.
“Acredito que até demorei a pedir ajuda à doula, por não conhecer, talvez por vergonha ou preconceito, mas precisei, e digo que deveria ter tido acompanhamento com a profissional desde o início da gestação”, completou a lactante.
Para Priscilla, o acompanhamento com a Tainara foi essencial para não desistir da amamentação de João Vitor. Pois ela tem uma filha de 17 anos, a quem amamentou até os 2 anos e 8 meses. Então, sentia vontade de ter aquela conexão com o filho. “Dar a vida não era suficiente, eu queria alimentar, cuidar, desejava que fosse completo”, afirma.
Segundo a lactante, antes de conseguir amamentar, ela chorava, se desesperava, se cobrava e se achava menos mãe e mulher. Hoje em dia, João Vitor ainda é amamentado pelo leite materno. “Não sei quando irá parar, mas não tenho pressa e nem penso nisso ainda. Hoje me sinto realizada, feliz e completa, pois tive a oportunidade de amamentar meus dois filhos”, completou.
Da mesma forma que Priscilla, milhares de mulheres passam por problemas para amamentar e não compreendem essas situações.
“Muitas vezes a falta de informação pode ser um dos primeiros fatores da dificuldade de amamentar. Nenhuma mulher grávida pensa, ‘preciso aprender a amamentar’, então não tenta entender mais sobre essa questão e, quando o bebê nasce, acaba se deparando com o desconhecido”, informou Tainara Andrade.
Eventuais problemas podem ser descobertos antes mesmo do parto. Mulheres que durante a vida passaram por cirurgias na mama, principalmente mastopexia, procedimento para levantar os seios, removendo o excesso de pele, entram nessa situação. As operações têm potencial de causar adversidade na produção do leite, mas não impedir.
Segundo Tainara, a lactante pode sentir dor, como no caso de Priscilla, por não saber como conduzir a amamentação, pois em nenhum momento foi devidamente orientada. Outras razões do incômodo ao amamentar são os bicos artificias; ao oferecer chupetas e mamadeiras aos bebês, que não entendem como mamar, as mães estão sujeitas a sofrer mais desconfortos, pois as crianças tendem a pegar errado na mama.
O bico plano ou o invertido são mais um ponto para se atentar. O primeiro caso ocorre quando o mamilo não se sobrepõe em relação à aréola, ficando na mesma altura, como uma superfície plana. Já o bico invertido é quando o mamilo é virado para dentro do peito.
O leite empedrado é resultado da produção em excesso, causando a sensação de peitos enrijecidos, geralmente nos primeiros dias. O corpo da lactante não entende a quantidade de leite que o bebê precisa e produz em abundância. O ideal para suavizar o incômodo é fazer massagens em formato circular em torno da mama para retirar leite antes da amamentação. A produção tende a normalizar entre 10 e 15 dias, mas isso deve variar de lactante para lactante.
Outro ponto para as mulheres se preocuparem é a mastite, doença que acontece quando há inflamação nas glândulas mamárias, que pode ser causada por alguns fatores, por exemplo, obstrução do canal de leite, que acontece quando o leite fica retido por muito tempo, e pega incorreta, que pode causar fissuras e facilitar a entrada de bactérias. Os sinais da mastite são mama avermelhada, dura e dolorida.
TRATAMENTOS E SOLUÇÕES
Em casos de dores, as lactantes devem perceber como é a pega do bebê na mama e, a partir disso, encontrar uma forma para que a criança coloque o mamilo e a aréola do seio de uma vez na boca. As mães devem tentar diferentes posições até encontrar uma que facilite a amamentação. Além de variar as posições, é recomendado que essas mulheres ofereçam a mama que está menos machucada. Os ferimentos devem ser enxaguados com água limpa uma vez ao dia. Assim, não causará infecções.
Já durante situações em que é preciso interromper a amamentação, a orientação é introduzir o dedo indicador no canto da boca da criança, isso evitará que o mamilo estique e machuque.
A doula Tainara recomenda que, existindo dificuldades para resolver esses problemas, é necessário consultar um médico especialista.
Instagram: @tainara.doula
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