REINALDO SILVA
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As coberturas vacinais de crianças em todo o mundo caíram ao menor patamar dos últimos 30 anos. Uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que 25 milhões não receberam as três doses de vacina contra difteria, tétano e coqueluche. No caso do sarampo, o índice de imunização despencou para 81%, menor marca desde 2008.
No Brasil não é diferente. De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz, as campanhas de vacinação renderam o certificado de eliminação do sarampo em 2016, no entanto, em 2019, o país perdeu o reconhecimento das organizações de saúde. Isso aconteceu porque não houve controle adequado de um surto iniciado na Região Norte, em 2018, e a doença se espalhou para os demais estados.
Chefe da Vigilância Epidemiológica da 14ª Regional de Saúde, a enfermeira Samira Silva reforça a preocupação: “A procura por vacinas de rotina vem diminuindo a cada ano. É um problema de conscientização de pais e responsáveis sobre a importância de completar o esquema vacinal das crianças”, aponta.
Samira Silva cita o retorno do sarampo, os surtos de meningite e o risco de reintrodução da febre amarela. “Doenças imunopreveníveis estão ressurgindo.” O nome pode parecer complicado, imunopreveníveis, mas a solução é simples, afinal o termo faz referência às doenças que podem ser evitadas com a aplicação de vacinas.
Em nível regional, a equipe da Vigilância Epidemiológica está avaliando as coberturas vacinais e traçando planos de ação junto com cada município. A ideia é criar uma força-tarefa para ampliar os índices de cobertura de todas as vacinas chamadas de rotina, ou seja, aquelas disponíveis gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde como parte do Programa Nacional de Imunização (PNI), do Ministério da Saúde (MS).
“Queremos dar o pontapé inicial ainda este ano”, diz Samira Silva. Se for preciso, “faremos o acompanhamento in loco e vamos levantar as possíveis falhas, para implementar ações”. Com o apoio de quatro enfermeiros residentes, a 14ª Regional de Saúde terá ampliada a capacidade de atender os municípios.
Poliomielite – Algumas estratégias consideradas exitosas durante a Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite deverão se repetir no Noroeste do Paraná. Um exemplo destacado pela chefe regional da Vigilância Epidemiológica é a divulgação diária dos números atualizados no sistema. A tática incentivou a intensificação das buscas ativas e das ações nas comunidades.
A 14ª Regional de Saúde de Paranavaí registrou a melhor cobertura vacinal do Paraná, com média de 98,61%. A 22ª RS de Ivaiporã teve o segundo maior índice, 97,16%. Na terceira posição do ranking estadual aparece a 7ª RS de Pato Branco, com 96,69%. A média de vacinação do Paraná foi de 71,64%.
Entre os municípios do Noroeste do Paraná, os números mais altos foram registrados, nesta ordem, em São Pedro do Paraná, Porto Rico, Tamboara, Planaltina do Paraná, Jardim Olinda, Santa Isabel do Ivaí, Diamante do Norte, Marilena, Guairaçá, Santa Cruz de Monte Castelo, Mirador, São João do Caiuá, Itaúna do Sul, Querência do Norte, Nova Londrina e Santo Antônio do Caiuá. Todos esses vacinaram mais do que a estimativa feita no início da campanha.
Paranavaí também ultrapassou a meta estabelecida pelo Ministério da Saúde, que era vacinar pelo menos 95% das crianças menores de 5 anos. 98,3% da população recebeu a proteção vacinal.
As demais cidades da região tiveram resultados abaixo do objetivo: Cruzeiro do Sul (94,3%), Loanda (93,9%), São Carlos do Ivaí (93,8%), Paraíso do Norte (93,7%), Santa Mônica (88,4%), Inajá (86%), Alto Paraná (85,8%), Terra Rica (82,1%), Nova Aliança do Ivaí (81%), Amaporã (79,8%) e Paranapoema (66,7%).
A campanha de vacinação contra a pólio, mais conhecida como paralisia infantil, começou no dia 8 de agosto e se estendeu até 30 de setembro. Durante esse período, as unidades de saúde aplicaram doses adicionais de imunizantes nas crianças, um reforço para o sistema imunológico.
Desde 1º de outubro, os postinhos de saúde só têm disponíveis as doses de rotina contra a poliomielite. São cinco aplicações, sendo três injetáveis (2, 4 e 6 meses de idade) e duas via oral (15 meses e 4 anos).