Com oscilações nos resultados mensais e desaceleração desde junho deste ano, a produção industrial do Paraná vem perdendo fôlego em 2021. Os indicadores divulgados esta manhã, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que na variação mensal o resultado de setembro foi de queda de 0,4%, mesmo valor do indicador nacional. Na região sul, apenas o Rio Grande do Sul cresceu (0,7%). Das 15 regiões mais industrializadas do país monitoradas pelo instituto, apenas seis registraram alta.
“A avaliação mês a mês tem oscilado este ano no Paraná, mas com uma performance de mais quedas do que altas”, avalia o economista da Federação das Indústrias do Paraná, Evânio Felippe. “Do início ano até agora são cinco resultados de redução contra quatro de resultados positivos. O que sinaliza uma certa fragilidade na produção industrial no estado”, pondera. Mesmo assim, o Paraná está em melhor situação do que o Brasil. O país acumula sete meses de retração contra apenas dois de crescimento.
Na comparação com setembro de 2020, a indústria paranaense teve leve elevação de 0,9%, enquanto no acumulado do ano o resultado é melhor, 13,3% de crescimento. “Importante lembrar que a partir de setembro do ano passado, o setor iniciou uma trajetória de recuperação robusta, após o baque inicial da pandemia. Na avaliação com o mesmo mês do ano anterior é possível comparar os resultados estatísticos mais reais do que vinha acontecendo nos meses anteriores, quando as bases comparativas ainda eram muito baixas”, sinaliza. “Agora é possível perceber que percentuais que vinham bem mais elevados tiveram redução no ritmo de crescimento”, acrescenta o economista.
Thiago Quadros, também economista da Federação, lembra que em setembro de 2020 também foi o fim da primeira onda da Covid 19 no Brasil, quando diversas medidas restritivas foram flexibilizadas. “Isso também explica uma base de comparação maior agora. Com a retomada das atividades, o desempenho de alguns segmentos melhorou. Vale destacar que nesta fase a indústria já havia sido considerada essencial e, portanto, não sofreu interrupções como o setor de serviços e comércio, que foram mais prejudicados”, lembra.
Das 13 atividades analisadas pelo IBGE no Paraná, sete ficaram abaixo do esperado em setembro, na comparação com o mesmo mês do ano passado. Móveis (-20,6%), borracha e material plástico (-8,8%), alimentos (-6,8%), bebidas (-5,2%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-4,6%). Por outro lado, mostraram recuperação máquinas e equipamentos (35,9%), produtos de metal (11,7%), químicos (7,1%), minerais não-metálicos (6,6%) e madeira (4,2%). Setor automotivo, o segundo mais relevante do estado, ficou estável. “Se o setor alimentício e automotivo, que têm um peso grande na composição da atividade industrial do Paraná, tivessem performances melhores, o resultado geral seria bem melhor”, complementa Quadros.
No ano
De janeiro a setembro, a alta de 13,3% tem sido mantida pela recuperação do segmento de máquinas e equipamentos (73%), automotivo (44,3%), madeira (33,8%), fabricação de produtos de metal (30%) e minerais não-metálicos (20%). “Porém vale destacar que a base de comparação com o mesmo intervalo de 2020 era muito baixa porque foram setores fortemente afetados pela crise sanitária no ano passado”, reforça Evânio Felippe. Das 13 atividades, a produção de alimentos (-6,3%) e de celulose e papel (-1,7%) encolheram.
“Uma das explicações pode ser a alta taxa de desemprego no país e a queda na renda média do brasileiro, que afetam diretamente o poder de compra da população, gerando diminuição no consumo das famílias. O setor de carnes, por exemplo, que representa quase 10% do PIB industrial do Paraná, tem registrado retração por conta do aumento nos preços e dificuldades na exportação do produto. E isso impacta no desempenho da atividade como um todo no estado”, completa. A demanda interna insuficiente tem sido uma queixa frequente dos empresários na Sondagem Industrial Mensal avaliada pela Federação. “A indústria quer produzir, mas quando o consumo é insuficiente, influencia toda a atividade produtiva”, avalia Felippe.
Para Quadros, outro motivo é a situação atual no mercado de trabalho nacional. “As principais oportunidades têm sido no setor informal, que oferece salários menores do que os empregos com carteira assinada. Isso limita o nível de gastos da população e afeta a qualidade de vida e também a retomada do crescimento econômico”, conclui.