REINALDO SILVA
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A partir de sexta-feira (16), os produtores que não atualizaram os cadastros de animais junto à Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) serão autuados e responderão a processo administrativo. Poderão ser multados e terão de pagar valor equivalente a 10 Unidades Padrões Fiscais, pouco mais de R$ 1.100 por espécie. As equipes técnicas estão compilando os dados para identificar as situações irregulares. Até o fim da semana passada, o índice de atualização das explorações no Noroeste do Paraná era superior a 97%.
“Desde 1º de junho, os produtores que não declararam seu rebanho são considerados inadimplentes. A partir desta data não é possível fazer a atualização online, apenas nas unidades da Adapar”, explica o supervisor regional, Alisson Barroso. Ele informa que o saldo estimado de animais nos 32 municípios do Noroeste do Paraná é de 961.070 bovinos, 103 bubalinos, 10.027 ovinos, 415 caprinos, 14.535 equinos, 123 asininos, 1.031 muares e 11.494 suínos.
A atualização dos rebanhos, argumenta Barroso, gera informações que dão suporte para as ações da Adapar. No caso de haver praga ou disseminação de doença entre os animais da região, é possível rastrear a origem, identificar as criações comprometidas e tomar as medidas sanitárias necessárias.
Além disso, manter os cadastros atualizados é fundamental para que o Paraná siga como área livre de febre aftosa sem vacinação, status confirmado pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) em maio deste ano. O título é concedido a estados que erradicaram a doença e não precisam mais imunizar seus rebanhos – no Paraná, a prática foi interrompida em 2019, um ano antes do reconhecimento formal pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Para fazer a atualização dos rebanhos, é necessário ir até o escritório da Adapar ou a uma unidade de atendimento municipal e solicitar o formulário. O documento deve ser preenchido, assinado e devolvido no mesmo local. Outra opção é acessar o site da Adapar (www.adapar.pr.gov.br) e realizar o processo online. Nesse caso, a atualização é imediata. Cada espécie criada na propriedade rural requer uma atualização específica.
Confina Brasil – Na semana passada, a expedição Confina Brasil passou pela Região Noroeste coletando informações da pecuária intensiva: manejo, gestão, índices zootécnicos, infraestrutura, nutrição e sanidade, entre outros fatores de produção. Os dados estão sendo sistematizados e contribuirão para o mapeamento de 40% do gado confinado do país. A ação é realizada pela Scot Consultoria.
O médico veterinário e coordenador do trabalho, Felipe Dahas, explicou que mais do que quantificar o gado confinado de corte no Brasil, o levantamento “busca entender as diferentes tecnologias e os modelos de gestão que estão sendo aplicados. Este é o intuito: fomentar as informações”. A partir daí, cada gestor pode traçar a própria estratégia e perceber se os resultados obtidos são os esperados, “se está satisfeito financeiramente e se o modelo de gestão está sendo aplicado da maneira que tinha sido planejado”.
A partir do Confina Brasil, foi possível identificar uma característica específica dos rebanhos do Noroeste do Paraná: têm grande influência de zebuíno, nelore, tabapuã e alguns cruzamentos industriais que garantem mais resistência às condições climáticas da região. Em áreas mais ao sul do Estado, o gado mais frequente tem semelhanças genéticas com os animais encontrados no Rio Grande do Sul.
Mercado – Felipe Dahas fez uma avaliação do mercado da pecuária, possível graças às avaliações preliminares do Confina Brasil. Diferentemente de 2020, neste ano houve diminuição da disponibilidade de gado no mercado. “Isso é praticamente regra, todos os produtores concordam.”
Há ainda um ponto crucial que precisa ser levado em conta para analisar o desempenho da pecuária não somente no Noroeste do Paraná, mas em todo o país. Segundo o médico veterinário, os preços dos insumos subiram de forma considerável do ano passado para cá. “Os custos de produção que não estão favoráveis ao produtor intensivo de pecuária de corte.” Nas palavras do coordenador do Confina Brasil, “quem se planejou, quem tem uma operação mais bem gerida, vai se dar melhor neste ano”.