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PHD

Professor Oswaldo Cupertino Simões, nosso primeiro campeão mundial de Judô

Hoje a coluna do PhD tem o prazer de entrevistar o Prof. MsC Oswaldo Cupertino Simões, nosso primeiro campeão mundial universitário de Judô, oitavo Dan de Judô, Fisioterapeuta e professor universitário. Motivo de orgulho dessa coluna contar com tão brilhante personalidade do mundo esportivo.

A metodologia da entrevista será o P para as perguntas e o R para as respostas.

P1. Professor Oswaldo Simões, conte um pouco de sua trajetória como atleta. Qual modalidade o senhor participou?

R: Treinei natação, atletismo, Handebol, Futebol, Capoeira e Karatê, mas me encontrei no Judô.

P2: Professor Oswaldo Simões, o senhor foi um dos mais destacados vencedores do Judô brasileiro, por favor conte-nos um pouco sobre sua trajetória no Judô.

R: Iniciei a prática do judô aos 17 anos no Caraíba Clube em Salvador no dia 02/4/1969, em outubro de 1972 fui Campeão Brasileiro e convidado para ir estudar Educação Física em São Caetano do Sul – SP, mudei para SP em 1973, formei em 1975 e fui convidado pelo Prof. Pedro Gama Filho, vim para o RJ trabalhar e lutar pela Universidade Gama Filho em 1976.

P3: Professor Oswaldo Simões, por gentileza fale um pouco sobre a recente demolição do patrimônio cultural, a Universidade Gama Filho, da qual o senhor foi atleta bolsista e professor.

  1. Eu escrevi um texto comentando essa demolição intitulado a Demolição da Educação no Brasil. Foi um total descaso para com aquela, que foi a maior Universidade da América Latina, fundada em 1939 pelo então Ministro Luís Gama Filho e prestou relevantes serviços à sociedade brasileira e a toda América Latina, formando vários profissionais competentes, ativos e produtivos em nossa sociedade, assim como foi o maior projeto de formação de atletas de alto rendimento em todos os esportes olímpicos. A UGF oferecia moradia, assistência médica e odontológica, bolsas de estudos, treinamento especializado, técnicos renomados, nacionais e internacionais. No Judô tivemos três técnicos enviados pelo KODOKAN (Instituto Japonês de prática do Judô, localizado em Tokyo), Yamamoto Sensei, Matsuda Sensei e Yanagizawa Sensei, enfim todas as condições necessárias para a formação dos atletas. Um descaso dos governos federal, estadual e municipal, ao invés de intervirem, descredenciaram e demoliram.

A quem atende isso, a sociedade não é perder vários prédios com salas de aulas, laboratórios montados para fazerem um parque.

P4: O Brasil é o país do Futebol, por gentileza conte-nos sobre o motivo de tamanho êxito do Judô em competições internacionais, das quais o senhor foi um precursor.

  1. O Judô Brasileiro é um braço direto do Judô Japonês. Os imigrantes japoneses, vindos para o Brasil, começaram a ensinar essa filosofia de vida, com a mesma disciplina exigida para os nisseis e para os Brasileiros.

Os resultados começaram a surgir inicialmente nas pequenas propriedades agrícolas onde os japoneses trabalhavam na terra. Nos finais de semana, os galpões que guardavam os tratores, viravam dojôs e todos treinavam. Em São Paulo o meu ídolo Sensei Lhofei Shiozawa foi uma revelação dessa tradição.

P5: Professor Oswaldo Simões, por gentileza comente um pouco sobre o estágio do Judô atual, em que as regras estão deixando de premiar o melhor atleta com a melhor execução de técnicas para favorecer o anti-Judô, das punições e desclassificações.

  1. Tenho falado e alertado sobre esse tema, tem alguns anos. Na tentativa de tornar o Judô mais televisivo, mais atraente, as regras do judô têm sofrido mudanças e alterações anuais. Ao meu ver essa filosofia de trabalho não está atendendo o seu objetivo, uma vez que obriga o Judoka (praticante de Judô) a praticar o dito judô positivo, que obriga o Judoka a desfazer uma pegada e voltar a mão para o judogui (roupa específica para a prática de Judô) do adversário imediatamente e se ele não voltar com a mão, é considerado fuga e é punido com shidô (Pena) imediatamente, com qualquer tempo de luta, assisti um shidô com três segundos de luta e em seguida o árbitro terminou desclassificando o Judoka com dois minutos de luta. Ou seja, as lutas não estão acontecendo, a regra está muito rigorosa, desconsiderando o nível de Judokas, campeões mundiais e olímpicos, e desclassificando em alguns casos os dois finalistas. A quem atende um torneio internacional sem o campeão no lugar mais alto do podium e dois Judokas renomados em segundo lugar? Não concordo com essas mudanças anuais, que ao meu ver, confundem a todos e principalmente aos árbitros que marcam uma pontuação e a mesa interrompe e a desfaz, aos técnicos, professores, Judokas competidores e praticantes em geral e principalmente ao público que fica confuso e não entende nada. A Federação Internacional de Judô -FIJ deveria rever isso urgentemente, para o bem do judô.

P6: Professor Oswaldo Simões, quais as principais orientações que o senhor pode passar para os futuros atletas do Judô brasileiro, em relação ao abandono dos princípios canonizados pelo Shihan Jigoro Kano?

R: Devem procurar se adaptar as regras, mas, sem *JAMAIS* abandonar aos princípios do Shihan Jigoro Kano.

P.7 Professor Oswaldo Simões, queira por gentileza fazer suas considerações finais:

  1. Quero agradecer ao Sensei Sérgio Santos e enaltecer o seu trabalho como uma inteligência a favor da prática do judô na essência e concepção original do Shihan Jigoro Kano que sempre foi utilizar o judô como um grande recurso educacional. Parabéns por seu trabalho Sensei Sérgio Santos, estarei sempre pronto a colaborar.

Agradecemos a participação do Professor Oswaldo Cupertino Simões, meu sempai (veterano) no Judô e um dos primeiros ídolos do Judô brasileiro, inclusive meu, e sua trajetória como atleta e pessoa sempre foi um exemplo para todos. Cita o caso da Universidade Gama Filho, uma das primeiras universidades brasileiras a patrocinar o esporte brasileiro em épocas remotas.

Infelizmente, a Cultura, a Educação e o Esporte são valores pouco apreciados na sociedade brasileira e somos passíveis de aberrações em diversas áreas que deixam nossa população em situação de vulnerabilidade.

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