REINALDO SILVA
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– Você consegue imaginar o mundo sem os professores? – pergunta o repórter à estudante Jhenifer Beatriz, de 11 anos, aluna do 5º ano na Escola Municipal Hermeto Botelho, em Paranavaí.
A resposta é espontânea:
– Consigo, mas seria muito mais difícil aprender a ler, escrever, fazer contas de matemática e conhecer a história da humanidade.
A mensagem que segue é repleta de carinho:
– Quero dizer que amo muito minhas professoras.
O aluno do 2º ano João Artur, de 8 anos, também revela admiração:
– Sem as professoras a gente não ia conseguir estudar, e tem que estudar para poder trabalhar. Elas ensinam a gente a ler e escrever.
Nesta sexta-feira, 15 de outubro, comemora-se o Dia do Professor. A data é marcada por homenagens e demonstrações de respeito aos profissionais que se dedicam a ensinar, mas também propõe debates sobre os desafios da escola pública, nos mais diferentes níveis, especialmente após as restrições impostas pela pandemia de Covid-19. Ser professor “é uma vocação”, diz Claudimeire Vicente Venciguerra, diretora da Escola Hermeto Botelho, mas ainda falta valorização.
Ela é professora há mais de 30 anos. Licenciada para assumir a gestão do estabelecimento de ensino, conta que jamais escolheria outra profissão e garante que fazer parte da construção de tantas e tão diferentes histórias de vida é satisfatório.
Janinni da Costa afirma que a principal preocupação é cuidar “do bem mais precioso das famílias, as crianças”, mas é gratificante ver o quanto se transformam: no aprendizado, no desenvolvimento da fala, na convivência social. A escola é um ambiente para que se descubram, percebam quem são. E os professores têm papel fundamental nesse processo, avalia.
Claudimeire e Janinni concordam que a retomada das aulas presenciais, possível graças à adoção de protocolos de biossegurança, veio acompanhada de dificuldades, mas a readaptação de estudantes, professores e equipes pedagógicas tem acontecido pouco a pouco. Nas escolas municipais de Paranavaí, as atividades nas escolas são escalonadas, com revezamento de turmas a cada dia. Quem fica em casa também realiza tarefas.
Escolas estaduais – No âmbito estadual, as preocupações se intensificam. É o que garante a diretora da APP-Sindicato do Paraná Walkiria Olegário Mazeto. “O retorno tem sido cansativo e adoecedor, não por conta dos alunos, mas pelo medo, o receio com relação à pandemia. Por si só, a escola é um espaço de aglomeração.” As regras de prevenção à Covid-19 estipuladas pela Secretaria de Estado da Educação (Seed) são pouco viáveis, diz. Walkiria avalia que a pressão sobre as equipes das escolas estaduais é grande e fala em cumprimento de metas.
A diretora sindical sugere atividades de recuperação. Após meses de aulas exclusivamente pela internet, a volta dos alunos para as salas de aula requer adaptações, revisões. É preciso garantir que os alunos saiam da escola prontos para se tornarem profissionais capacitados, analisa.
Perseverança – A mensagem de Walkiria é que apesar dos percalços vale a pena ser professora. “A forma de ter condições de melhorar a vida é pela educação. Quando olhamos para nossas salas e vemos que a maioria é de filhos de trabalhadores, sabemos que a luta é gratificante.”
A representante da APP-Sindicato defende maior valorização salarial, melhores condições de trabalho e mudanças nas políticas públicas educacionais. As formas de conduzir a rede de ensino se transformam, mas os professores permanecem e precisam de reconhecimento, completa Walkiria.