Um projeto desenvolvido pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) vem obtendo bons resultados no combate à formiga saúva, ou “formiga cortadeira”. Com a combinação do fungo Beauveria bassiana, já utilizado para controle de insetos, e a alga Terra Diatomácea, além do auxílio de uma máquina polvilhadeira, os insetos vêm sendo controlados a cada mês, após aplicações do produto no Campus Universitário. A pesquisa é do Departamento de Agronomia, no Centro de Ciências Agrárias (CCA).
As formigas cortadeiras causam sérios prejuízos à agricultura, desde a desfolha até a morte de plantas cultivadas. Elas já são há muito tempo conhecidas dos estudantes e servidores da UEL. Segundo o professor Amarildo Pasini, tornaram-se um problema há cerca de 10 anos, quando as primeiras pesquisas evidenciaram o aparecimento das saúvas na universidade. “Há 10 anos, eu estudava as formigas, mas em Jaguapitã. Elas começaram a aparecer por aqui nesse momento”, explica o professor, que é da área de Fitossanidade/Entomologia.
Desde então, já foram utilizados vários produtos para o controle dos insetos, até os mais inesperados, como talco polvilho antisséptico. Isso porque o produto tem em sua composição o ácido salicílico – substância que se mostrou eficaz, também, para o controle. “Um dia, de forma aleatória, apliquei o talco e observei que poderia servir para o controle dos insetos. A partir daí, desenvolvemos outras formas, como a alga em combinação com o fungo”, comenta Pasini.
Doutorado – Os resultados da pesquisa devem constar na tese de doutorado da aluna Juliana Chiquetti Fazam, do Programa de Pós-Graduação em Agronomia, intitulada “Saúva Limão em Londrina-PR: Sazonalidade Influenciando o Forrageamento e Controle com Entomopatógenos”. A aluna é orientada por Pasini e o trabalho tem conclusão prevista para o mês de fevereiro de 2022.
Combinação eficaz – De acordo com Pasini, quando combinados, o Beauveria bassiana e a Terra diatomácea conseguem neutralizar a formiga saúva, eliminando-a rapidamente. A alga, por ser úmida, atua como facilitadora para a entrada do fungo sob o exoesqueleto da formiga. O principal problema, no entanto, é alcançar a grande “manda-chuva” do formigueiro, a formiga rainha. Esses insetos, que podem viver até 20 anos, reproduzem-se a cada 30 ou 40 dias. “Se não matar a rainha, não é possível eliminar o formigueiro. O ciclo de uma formiga comum é de 40 dias, centenas de milhares surgem depois”, explica o professor.
Máquina – Para resolver essa questão, o pesquisador optou por substituir a polvilhadeira manual por uma máquina polvilhadeira. Um formigueiro pode ter até cinco metros de comprimento e as formigas rainhas, que medem até cinco centímetros, ficam alojadas e escondidas. “Com a aplicação por uma máquina, conseguimos atingir, em até cinco minutos, todo o formigueiro.”
Após a aplicação, o ambiente fica propício ao aparecimento de parasitas no formigueiro (formigas carnívoras, moscas, aranhas, entre outros). Esses insetos, segundo o professor, colaboram para o controle das formigas. Além da eficácia no controle, a combinação do fungo e da alga é barata: a Terra diatomácea, no mercado, é encontrada a R$ 10 o quilo, enquanto o fungo Beauveria bassiana custa R$ 180 o quilo.