REINALDO SILVA
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A ciclofaixa na Avenida Gabriel Esperidião é percurso obrigatório para “seo” Jonas Batista, de 71 anos. Diariamente, sobe na bicicleta e segue do Jardim Morumbi em direção à região central de Paranavaí, onde precisa cumprir os compromissos. As pedaladas são lentas e compassadas, especialmente na subida, mas o espaço exclusivo para ciclistas faz com que ele se sinta mais seguro para transitar pela via pública.
Paranavaí tem aproximadamente 8 quilômetros de malha cicloviária, e o objetivo é passar dos 23 quilômetros no prazo de 10 anos. A projeção consta do Plano de Mobilidade Urbana, elaborado pela Administração Municipal e em tramitação na Câmara de Vereadores.
No curto prazo, isto é, dentro de 2 anos, o documento prevê a manutenção da pavimentação nas avenidas Deputado Heitor Alencar Furtado e Martin Luther King; a implantação de sinalização vertical adequada nas avenidas Gabriel Esperidião, Deputado Heitor Alencar Furtado, Martin Luther King e Euclides da Cunha; e a adequação da sinalização horizontal nas avenidas Deputado Heitor Alencar Furtado, Martin Luther King e Militão Rodrigues de Carvalho.
Vencida a primeira etapa, virão as metas de médio prazo, com 5 anos para a execução. A intenção é formar um anel de integração cicloviária, ligando algumas das principais vias de acesso à área central de Paranavaí. “Queremos ampliar a acessibilidade, contemplando todos os modais”, resume o secretário municipal de Proteção à Vida, Patrimônio Público e Trânsito, Matheus Buchner. Os modais citados pelo secretário são as diferentes formas de locomoção, por exemplo, bicicletas, motocicletas e automóveis.
Ao longo desses 5 anos, deverão ser implantadas ciclofaixas nas avenidas General Andrade Neves, Presidente Tancredo Neves, Salvador, Belo Horizonte e Luiz Diogo Ferraz e nas ruas Paulo Antônio da Costa e Guaporé.
Na lista de ações de longo prazo, ou 10 anos, está a implantação de ciclovias nas avenidas Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, Rio Grande do Norte, Parigot de Souza, Euclides da Cunha, Lázaro Figueiredo Vieira, Mauá, Domingos Sanches e Presidente Tancredo Neves, além da Rua Cingapura.
O Plano de Mobilidade Urbana também estabelece limite de 10 anos para a criação de ciclofaixas na Avenida Distrito Federal e na Rua Pioneiro Antônio Salvador.
Definições – O Portal do Trânsito (www.portaldotransito.com.br) aponta as principais características da ciclovia e da ciclofaixa. A primeira é um espaço separado fisicamente do tráfego de veículos, de circulação exclusiva de ciclistas, podendo ter sentido único ou duplo. A segunda consiste em uma faixa delimitada na própria pista de rolamento, na calçada ou no canteiro da via pública, uni ou bidirecional.
Ciclovia ou ciclofaixa, o mais importante é oportunizar aos munícipes alternativas de transporte que permitam reduzir o uso de veículos motorizados, com conforto e segurança, pondera o secretário Proteção à Vida, Patrimônio Público e Trânsito.
Ciclistas – O levantamento de dados que baseou a elaboração do Plano de Mobilidade Urbana mostra que 43% da população utiliza automóveis para se locomover em Paranavaí. 25% dos moradores andam a pé. 14% se deslocam com motocicleta. Em seguida, aparecem os usuários de ônibus circulares, 7%. Transporte escolar e outros meios de locomoção somam 6%. Os ciclistas representam apenas 5%.
A maioria utiliza a bicicleta para atividades de lazer, mais do que para ir trabalhar. Geralmente, os adeptos do ciclismo percorrem curtas distâncias e circulam dentro do próprio bairro onde moram, principalmente depois do horário comercial e aos fins de semana.
Os três pontos com fluxo mais intenso de ciclistas são: a rotatória que liga as avenidas Paraná, Parigot de Souza e Rio Grande do Norte, com média de 371 por dia; o encontro das ruas Capitão Telmo Ribeiro e Amazonas, 304 pessoas diariamente; e a ligação da Rua Guerino Pomin com a Avenida Tancredo Neves, média diária de 287 ciclistas.
Dentro do Plano de Mobilidade Urbana estão previstos investimentos na implantação de locais específicos para estacionamento, os chamados paraciclos, e na adequação de espaços públicos e empresas privadas para oferecer condições adequadas aos ciclistas, por exemplo, a disponibilização de vestiários.
Segundo o secretário municipal Matheus Buchner, a preocupação vai além da infraestrutura. A ideia é criar campanhas de incentivo ao uso de bicicletas e de orientação sobre o comportamento no trânsito.
Ações de conscientização visando à segurança dos ciclistas serão muito bem-vindas, diz “seo” Jonas Batista, apresentado no início desta reportagem. Até hoje, não sofreu qualquer acidente de trânsito, mas garante que levou alguns sustos e passou por momentos difíceis enquanto pedalava. “Muitos motoristas não respeitam”, arremata.
Análise – A procuradora do Legislativo, Gisele Piperno Garcia, relembra que o Plano de Mobilidade Urbana elaborado pela Prefeitura de Paranavaí foi entregue à Câmara de Vereadores no dia 16 de setembro e lido em plenário na sessão ordinária seguinte, três dias depois. Agora, passará pela análise jurídica e, então, pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
As etapas de avaliação jurídica devem ter início esta semana, mas, por se tratar de um projeto extenso, ainda não há previsão de data para a conclusão. Enquanto isso, os vereadores também têm a oportunidade de ler o documento elaborado pelo Poder Executivo, a fim de que tenham tempo hábil para verificar todos os pontos da proposta.
De acordo com Gisele Piperno Garcia, a expectativa é que o Plano de Mobilidade Urbana seja votado ainda este ano. Aprovado, terá efeito de lei.
O secretário Proteção à Vida, Patrimônio Público e Trânsito, Matheus Buchner, acrescenta que pode haver adequações ao longo dos 10 anos de execução do Plano de Mobilidade Urbana, à medida que as demandas se apresentem, mas, por ter valor legal, deverá ser posto em prática independentemente de quem assumir a Administração Municipal nas próximas gestões.
Conforme descrito no documento, “o transporte é um importante instrumento de direcionamento do desenvolvimento urbano nas cidades. A mobilidade urbana bem planejada, com sistemas integrados e sustentáveis, garante o acesso dos cidadãos às cidades e proporciona qualidade de vida e desenvolvimento econômico”.