*Renato Benvindo Frata
Os gritos das labaredas que se mostram claras, altivas, ativas, extasiantes e, digamos, eloquentes e vistosas, por mais imponentes que pareçam, morrerão, queiram ou não, em meio ao silêncio moribundo das cinzas.
Basta olhar a situação política brasileira definida pela combinação de três fatores de observação: a) intensa polarização do nós e eles, b) as tensões contínuas e autoalimentadas entre os Poderes Republicanos e c) a ingovernabilidade prosperada pela fragmentação dos próprios poderes.
Interesses, muitos, colocam desvios nos caminhos. Leia-se: conchavos entre os Poderes Executivo-Judiciário, esse se sujeitando e aderindo aos desejos daquele e, entre Executivo + Judiciário x Legislativo, em busca incessante do enfraquecimento desse e, por consequência, da sua submissão.
Desse prisma vive o cenário político de cabo de guerra entre a esquerda do atual governo e de centro-direita e direita, sob influência do presidente anterior, divisão que se reflete na sociedade e nas instituições.
Os conflitos recorrentes entre os Poderes Executivo/Legislativo e Judiciário (leia-se STF) se provam com as derrotas substantivas no Congresso, como a derrubada de vetos à Lei Geral do Licenciamento Ambiental, e o estudo de judicialização de algumas questões, a serem mandadas ao STF.
A dificuldade da manutenção de base de apoio que seja sólida e estável está a exigir que negociações e articulações políticas se deem com frequência, especialmente pela disputa por altos cargos, como tem exigido a política vergonhosa do toma-lá-dá-cá.
A próxima negociata se dará com a aprovação no Congresso, do Messias – o subalterno, para um posto de juiz do Supremo.
Tudo com vistas às eleições de 2026, cuja articulação enche de formiga os assentos de certas cadeiras, o que faz com que seus ocupantes se apressem em resolver o que não fizeram durante o mandato.
Porém, e pior que isso, há de permeio os tão importantes desafios econômicos (relegados), e a esses, considerando o ar poluído que colocam em nossos narizes, o desgoverno econômico-financeiro gastador continua – e que poderemos ter repetido em caso de reeleição da trupe atual.
A realidade, dependendo de quem e da forma como a emos pode ser dura, fria, inacreditável e até abjeta. É o caso, atualmente.
Que essas labaredas que hoje o vento balança tenham a efemeridade de chamazinhas de capim.



