O Brasil tem 104,5 milhões de habitantes mulheres, o que representa uma fatia de 51,5% da população, enquanto 48,5% do total de brasileiros são homens, apontam dados do recorte de sexo do Censo Demográfico 2022.
Os números foram divulgados nesta sexta-feira (27) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A proporção de mulheres na população tem aumentado ao longo dos últimos 40 anos, como mostram edições anteriores do Censo desde 1980. No levantamento anterior, de 2010, a parcela feminina representava 51,03% do total. Antes disso, em 2000, somava 50,8%.
Segundo o novo Censo, o contingente feminino supera em aproximadamente 6 milhões o masculino, de 98,5 milhões. Entre os estados, as mulheres só não são maioria em quatro. Em Tocantins, onde representam 49,9% da população residente, e Roraima e Mato Grosso, sendo 49,7% em ambos.
O Acre é o único estado com equilíbrio entre os sexos. Entre as regiões, foi a primeira vez em que o Norte registrou população feminina maior que a masculina. No Sudeste, o quadro já é assim desde 2000.
A pesquisa mostrou também que para cada 100 mulheres no país, há 94,2 homens. Esse número, chamado de razão de sexo, vem caindo desde levantamentos anteriores. O índice era de 98,7 em 1980, e desceu a 96,9 e 96 em 2000 e 2010, respectivamente.
A proporção de homens na população é maior do nascimento até os 24 anos, e é superada pela de mulheres a partir da faixa etária de 25 a 29 anos.
A situação, segundo o IBGE, se deve ao nascimento de mais crianças do sexo masculino. Ao longo da vida, porém, homens jovens tendem a morrer mais por causas externas como violência e acidentes de trânsito, por exemplo.
No recorte de população das cidades, a proporção de homens diminui à medida que aumenta o tamanho das cidades. Esse número sai de 102,3 homens para cada cem mulheres em cidades com até 5.000 habitantes e cai para 88,9 homens em municípios com mais de 500 mil habitantes.
Entre as regiões do Brasil, a que tem a relação mais baixa é a Sudeste, 92,9. Na outra ponta, o Norte lidera, com 99,7. Essa relação é mais baixa no Rio de Janeiro, 89,4, e alcança o topo da lista com 101,3 em Mato Grosso.
Já na lista de municípios, Santos (SP), Salvador (BA) e São Caetano do Sul (SP) têm as menores taxas, respectivamente com 82,89, 83,81 e 84,09.
A produtora de podcasts Loida Manzo, 47, é um exemplo deste cenário. Nascida em São Caetano do Sul, ela tem uma família predominantemente feminina.
“São poucos homens na história. Nossas reuniões são compostas por 95% de mulheres”, diz ela. A mãe de Loida teve três filhos, sendo duas mulheres e um homem, e as tias e primas por parte de mãe são todas mulheres.
Divorciada desde que o filho tinha nove meses, Manzo se considera mãe solo, pois cuidou do primogênito sozinha durante os primeiros anos de vida dele. A convivência predominantemente com mulheres na família foi algo positivo para o desenvolvimento do filho, diz ela. “Da mesma forma que nos preocupamos com ele, ele tem esse cuidado conosco.”
Para Manzo, a rede de apoio feminina ajuda na criação do filho. Quando ela teve de cuidar do pai, internado numa Páscoa há dez anos, uma prima e uma tia lembraram do feriado e não deixaram a celebração passar batida. Fizeram questão de levar um ovo de chocolate para o garoto.
“A gente estava com a cabeça tão preocupada com meu pai, que não pensei nisso, e elas se lembraram. Uma ajuda a outra. Não sinto que homem tem esse cuidado.”
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)