Sexta-feira, 4 de fevereiro, é o Dia Mundial do Câncer. De acordo com estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), em 2022 devem ser diagnosticados cerca de 625 mil novos casos da doença, sendo os mais incidentes o de pele, mama, próstata, cólon e reto e pulmão.
Entre 80% e 90% dos casos de câncer ocorrem devido a causas externas, como o ambiente e estilo de vida, segundo o Inca. Por isso, os hábitos saudáveis são sempre recomendados: não fumar, praticar exercícios físicos, manter um peso corporal adequado, ter uma dieta que priorize alimentos in natura, evitar industrializados e processados e o excesso de bebida alcoólica.
Mas, a detecção precoce é fundamental, pois aumentam as chances de cura e tratamentos menos agressivos. Especialistas do Hospital São Vicente Curitiba explicam como é o diagnóstico desses cinco cânceres mais comuns.
Câncer de pele – O câncer de pele é dividido em melanoma e não melanoma – esse último o mais incidente no Brasil. Os do tipo melanoma representam 3% dos cânceres de pele e, muitas vezes, não são facilmente identificáveis. “As lesões que merecem maior atenção são as que não cicatrizam, as que muda de cor, que apresentam sangramento e as que aumentam de tamanho”, explica o cirurgião oncológico do Hospital São Vicente Curitiba, Dr. Juliano Rebolho, membro do Grupo Brasileiro de Melanoma.
Ele ressalta que o diagnóstico precoce é fundamental. “Quanto mais cedo se faz o tratamento melhores são as chances de cura. O principal tratamento é o cirúrgico, com a retirada da lesão após biópsia confirmando neoplasia.”
Câncer de mama – Segundo a Dra. Priscila Morosini, cirurgiã oncológica do Hospital São Vicente Curitiba, nódulos palpáveis na mama, axila ou pescoço, pele da mama avermelhada, retraída ou com aspecto de casca de laranja, alterações no bico do peito, incluindo ou não secreção de líquido anormal, são os principais sinais que podem ser identificados em um autoexame feito pela mulher. Mas, a mamografia deve ser realizada mesmo sem esses sintomas, a partir dos 40 anos, conforme diretrizes da Sociedade Brasileira de Mastologia, ou bianual a partir dos 50 anos, segundo recomendações do SUS.
“A mamografia consegue fazer o diagnóstico de lesões que ainda não são palpáveis, muito pequenas, lesões essas de mais difícil percepção ou impossibilidade de perceber até em um ultrassom, por exemplo”, considera.
Recentemente, o Hospital São Vicente Curitiba adquiriu o aparelho de mamografia digital, que é disponibilizado tanto para pacientes de convênio e particulares, quanto para pacientes do SUS. O novo equipamento permite aquisição de imagens com mais rapidez e qualidade e menos exposição da paciente à radiação. “Na mamografia digitalizada, os raios X atingem um cassete, que tem um dispositivo que é escaneado para a obtenção da imagem, e na mamografia digital, os raios X atingem um dispositivo no próprio aparelho de mamografia, não precisando passar pelo processo escaneamento, chegando para análise num tempo muito mais rápido e com menos exposição do paciente à radiação”, explica a médica radiologista do Hospital São Vicente, Dra. Maria Fernanda Sales Ferreira Caboclo.
O aparelho de mamografia digital ainda realiza a Tomossíntese, ou Mamografia 3D. “A Tomossíntese facilita a interpretação dos achados mamográficos, uma vez que permite uma melhor avaliação das estruturas sobrepostas, sendo indicada, principalmente, no estudo de mamas densas, em que a sobreposição das estruturas pode dificultar a detecção de pequenas lesões ou levar a falsos positivos”, ressalta a médica radiologista.
Câncer de próstata – O câncer de próstata não apresenta sintomas na maioria dos casos, por isso são fundamentais as consultas com um urologista a partir dos 50 anos. “ Os homens com história de câncer de próstata na família e da raça negra, que têm mais risco de desenvolver a doença, devem começar a fazer acompanhamento médico entre 40 e 45 anos”, observa Dr. André Matos, urologista do Serviço de Urologia Oncológica do Hospital São Vicente Curitiba.
O diagnóstico é pelo exame de sangue PSA (Antígeno Prostático Específico) que mede o nível de uma proteína no sangue que pode indicar alterações na próstata, e pelo exame de toque retal. Dr. André Matos observa que a recomendação é que esses exames sejam feitos juntos, geralmente uma vez por ano ou com intervalos maiores, conforme cada paciente.
Câncer de cólon e reto
O câncer de cólon e reto, ou colorretal, está entre os tumores que podem afetar o intestino grosso. É um dos cânceres mais incidentes em todo o mundo, mas com diagnóstico precoce, a maioria dos casos podem ser tratados ou curados.
O cirurgião oncológico Dr. Marciano Anghinoni explica que a colonoscopia é um exame importante para esse tipo de câncer, pois ajuda no rastreio de pólipos, que não costumam gerar sintomas e, em alguns casos, podem ser percussores do câncer de cólon e reto. “A colonoscopia é um exame de diagnóstico na suspeita de alterações intestinais, mas também é um exame de rastreamento. Se for encontrado um pólipo, ele é retirado e evita que possa evoluir para um câncer”, esclarece.
A indicação da realização do exame é a partir dos 50 anos. “Mas, atualmente, o exame é recomendado fazer a partir dos 40 anos. A Sociedade Americana de Endoscopia mudou o critério e muitos países passaram a adotar, pois nos últimos anos está se observando o aumento da incidência desse tipo de câncer em pacientes mais jovens”, revela Dr. Marciano Anghnoni.
Câncer de pulmão – Segundo o Inca, o câncer de pulmão tem uma das mais altas taxas de letalidade. Os últimos dados disponíveis sobre mortalidade apontam que em 2019 ocorreram 29.254 mortes, sendo que eram estimados 31.270 novos casos.
Em estágios iniciais, o câncer de pulmão não apresenta sintomas, mas ainda não existe uma forma de rastreamento para o diagnóstico precoce. “Não dispomos ainda de uma ferramenta eficaz de rastreio para essa forma específica de tumor”, comenta o cirurgião oncológico Dr. Bruno Azevedo.
Por isso, a recomendação é evitar o principal fator de risco: o tabagismo, que está relacionado a 85% dos casos de câncer de pulmão. “Não fume! É superimportante ainda lembrar que o tabagismo passivo, da pessoa que convive com um tabagista e está exposta à fumaça do cigarro, também é fator de risco para câncer de pulmão”, salienta o cirurgião oncológico do Hospital São Vicente Curitiba.