Quando falamos em estágio, muitas vezes a primeira imagem remete ao aprendizado prático para complementar a formação acadêmica. No entanto, limitar essa experiência apenas ao viés técnico seria reduzir sua verdadeira dimensão. Afinal, trata-se de um instrumento de transformação social, capaz de reduzir desigualdades, abrir caminhos para jovens de diferentes origens e impulsionar o desenvolvimento sustentável do Brasil.
Segundo levantamento exposto pela Associação Brasileira de Estágios (Abres), em 2024 o país registrou mais de 1 milhão de estagiários ativos. Esse dado mostra a força dessa modalidade e o alcance de sua influência na vida de estudantes, famílias e comunidades inteiras.
O estágio é uma oportunidade de inclusão
Para muitos jovens, especialmente aqueles oriundos de famílias de baixa renda ou de contextos mais vulneráveis, a porta de entrada no mundo do trabalho se dá justamente por meio de um estágio. Afinal, oferece a primeira chance de desenvolver competências profissionais e representa um passaporte para sonhar mais alto.
Além da experiência, proporciona a bolsa-auxílio, recurso muitas vezes essencial para custear alimentação, material escolar e até parte das mensalidades acadêmicas. Por isso, destaco como não se trata apenas de dinheiro, mas de uma sustentação para o estudante continuar sua jornada educacional e profissional.
Ao proporcionar essa autonomia financeira inicial, cria-se um efeito multiplicador. Jovens estagiários conseguem apoiar suas famílias, planejar o futuro e enxergar novas possibilidades de crescimento. Isso reforça a ideia de como cada vaga aberta vai além de uma oportunidade individual, sendo um canal de inclusão social.
Estágio combate à evasão escolar
Outro impacto muitas vezes subestimado do estágio está diretamente ligado à educação. No Brasil, a evasão escolar é um desafio persistente, principalmente no ensino médio e superior. Porém, quando o estudante consegue um estágio, sua motivação para estudar cresce exponencialmente. Afinal, segundo a Lei de Estágio (11.788/2008), é obrigatório estar matriculado em uma instituição de ensino.
Ademais, ele passa a enxergar, na prática, o valor do conhecimento adquirido em sala de aula. A relação direta entre teoria e aplicação concreta gera um estímulo poderoso para continuar os aprendizados. Assim, funciona como um elo entre escola, universidade e mercado, fortalecendo tanto a formação acadêmica quanto a empregabilidade futura. Ao reter estudantes no sistema educacional, ele garante maior qualificação para o país e ajuda a preparar profissionais completos para os desafios da economia contemporânea.
Estágio como investimento no futuro do Brasil
Em suma, considero o estágio como um investimento no futuro do país. Cada jovem inserido nessa modalidade carrega consigo o aprendizado técnico e a oportunidade de exercer cidadania, sonhar, empreender e contribuir para a coletividade.
Além disso, ao estimular o ato educativo, o Brasil fortalece sua competitividade internacional, pois forma profissionais mais bem preparados para lidar com os desafios globais. Mas, acima de tudo, promove justiça social ao oferecer oportunidades reais para quem mais precisa.
Se quisermos construir um Brasil mais equilibrado e competitivo, precisamos olhar para o estágio como diferencial estratégico. A cada estudante inserido nesse modelo, damos um passo a mais em direção a uma sociedade mais justa. Portanto, investir em estágio é investir no futuro do Brasil. Nesse cenário, conte com a Abres!
*Seme Arone Jr., presidente da Associação Brasileira de Estágios (Abres)
