Escorpião-amarelo é encontrado em todas as regiões do país. É também o que mais preocupa por ser considerado o mais venenoso
Evitar ir ao cemitério central de Paranavaí de calçados abertos como chinelos ou sandálias. Esta é uma das principais recomendações para quem deseja visitar o túmulo de um ente querido nestes dias de lembrar os mortos. A recomendação tem uma causa: o grande número de escorpiões amarelos encontrados no local. Na última quarta-feira a equipe do Diário do Noroeste esteve no cemitério e constatou a captura de pelo menos cinco desses animais peçonhentos.
Os escorpiões foram localizados pelo agende de endemias Leonardo Júlio, que estava no local fazendo uma inspeção de rotina sobre outro problema: o acúmulo de água parada que pode facilitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue e de outras doenças.
Ele explicou à reportagem que as inspeções no cemitério são quinzenais. Aproveita para reforçar a orientação para que as pessoas não deixem vasos de plantas sem furos no fundo ou mesmo plástico e embalagem com flores sobre os túmulos. Esses objetos acumulam água, e isso facilita o ambiente para a proliferação do mosquito.
Feita a recomendação necessária sobre a dengue, Leonardo Júlio detalhou que localizou os grandes escorpiões durante a inspeção. Eles estavam em um só lugar, mas é sabido que há outros pontos com a presença dos aracnídeos.
O escorpião tem hábitos noturnos e durante o dia procura se esconder em locais escuros. Ainda assim, há o risco de acidentes durante o dia e daí a recomendação que consta na abertura do texto: evitar o uso de calçados abertos. A recomendação é ainda mais importante neste Dia de Finados, quando milhares de pessoas visitam os cemitérios.
O monitoramento e o combate aos escorpiões são feitos pelo setor de Zoonoses (doenças de animais que podem ser transmitidas ao homem) do município. Portanto, a captura dos animais e as recomendações feitas pelo agente que trabalha especificamente no combate à dengue são frutos da sua prática na missão de enfrentar os riscos que afetam a comunidade na área da saúde.
Acidentes – Integrantes da classe dos aracnídeos e parentes das aranhas e dos carrapatos, os escorpiões são peçonhentos. A picada desse animal pode causar sérios problemas à saúde. Dados de 2021 mostram que naquele ano foram registrados mais de 154 mil acidentes por picada de escorpião no Brasil. Não existem evidências científicas de que tratamentos caseiros funcionem, então, em caso de picada, o paciente deve procurar atendimento médico imediato.
Algumas espécies estão adaptadas ao ambiente urbano e se multiplicam nos grandes centros. No verão, a atenção deve ser redobrada, pois o clima úmido e quente favorece o aparecimento desses animais, que se abrigam em esgotos e entulhos. Mas escorpiões podem causar acidentes em qualquer estação do ano, inclusive no inverno.
O escorpião-amarelo (Tityus serrulatus) é encontrado em todas as regiões do país. É também o que mais preocupa por ser considerado o mais venenoso. Tem reprodução do tipo partenogenética, ou seja, as fêmeas procriam sem precisar que machos as fecundem.
Sinais e sintomas – Quando há picada por escorpião, a dor é imediata em praticamente todos os casos, além da sensação de formigamento, vermelhidão e suor no local. Após alguns minutos ou horas, principalmente em crianças, que são mais vulneráveis ao envenenamento, podem aparecer outros sintomas, como tremores, náuseas, vômitos, agitação incomum, produção excessiva de saliva, hipertensão, entre outros.
Todos os escorpiões são venenosos e os riscos aumentam de acordo com a quantidade de veneno injetado e no quão nocivo o veneno de cada espécie é para o corpo humano. Os casos leves, que não necessitam da aplicação do antiveneno, representam cerca de 87% do total de acidentes. O soro antiescorpiônico é disponibilizado apenas nos hospitais de referência do Sistema Único de Saúde (SUS).
Medidas de prevenção – Os escorpiões que habitam no meio urbano se alimentam principalmente de baratas, portanto, são comuns em locais com acúmulo de lixo. São animais que não atacam, mas se defendem quando ameaçados. Para evitar encontros indesejados, é importante:
Manter lixos bem fechados para evitar baratas, moscas e outros insetos que sejam alimento dos escorpiões;
Manter jardins e quintais limpos. Evitar acúmulo de entulhos, folhas secas, lixo doméstico e materiais de construção nas proximidades das residências;
Em casas e apartamentos, utilizar soleiras nas portas e janelas, telas em ralos do chão, pias e tanques;
Afastar camas e berços das paredes;
Evitar que roupas de cama e mosquiteiros encostem no chão.
O Ministério da Saúde não recomenda a utilização de produtos químicos (pesticidas) para o controle de escorpiões. Esses produtos, além de não possuírem, até o momento, eficácia comprovada para o controle do animal em ambiente urbano, podem fazer com que eles deixem seus esconderijos, aumentando o risco de acidentes.
































