REINALDO SILVA
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A restrição de crédito pode gerar dificuldades para obter empréstimos, financiamentos e cartões bancários. Isso compromete a capacidade de compra de imóveis, automóveis e até mesmo itens usados no dia a dia.
Em Paranavaí 29,62% da população economicamente ativa (PEA) tem indicativos restritivos, o que corresponde a pouco mais de 22.600 pessoas.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) explica que a população economicamente ativa é a mão de obra com a qual o setor produtivo pode contar. O termo se refere aos habitantes em idade e condições físicas para exercer algum ofício no mercado de trabalho.
Os números da inadimplência foram apresentados ao Diário do Noroeste pela Associação Comercial e Empresarial de Paranavaí (Aciap). Compõem um levantamento do perfil socioeconômico do município feito em parceria com a Equifax Boa Vista, administradora do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC).
A pesquisa considerou 76.365 CPFs domiciliados em Paranavaí e cruzou dados de diferentes instituições governamentais e não governamentais, seguindo as diretrizes da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Dentro desse universo, 13,24% estão na classificação de altíssimo risco de inadimplência e 18,26% aparecem como de alto risco. Significa que 31,5% da PEA tem restrições de crédito ou histórico de pagamentos de dívidas em atraso.
As categorias médio risco, baixo risco e baixíssimo risco reúnem, nesta ordem, 6,8%, 30,32% e 31,15% da população economicamente ativa, totalizando 68,27%. A faixa sem classificação concentra 0,24%.
Renegociação – Em Paranavaí, como em todo o país, pessoas endividadas e com o nome negativado em cadastros como o Serasa ou Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) podem recorrer ao Desenrola Brasil, programa emergencial do Governo Federal para estimular a renegociação de débitos pendentes, em curso de 17 de julho até 31 de dezembro de 2023.
De acordo com o Ministério da Fazenda, até 70 milhões de brasileiros poderão ser beneficiados. Haverá recursos disponíveis como garantia para a renegociação de dívidas bancárias e não bancárias inscritas até 31 de dezembro de 2022.
A Caixa é uma das instituições que aderiram ao Desenrola Brasil. Ao Diário do Noroeste, informou que mais de 13 milhões de clientes têm débitos que podem ser renegociados, oportunidade para a reestruturação financeira das pessoas endividadas.
Milhares de brasileiros terão a oportunidade de quitar suas dívidas e retornar ao mercado de crédito bancário. Com isso, os clientes poderão planejar a realização de sonhos, como comprar uma casa própria ou um automóvel. Também terão acesso a crédito para empreender, gerando emprego e renda, e movimentar a economia em sua localidade.
Neste primeiro momento, participam da ação os clientes da Faixa 2, aqueles com renda de até R$ 20 mil. Os débitos devem estar com registro ativo. O parcelamento é de 12 a 96 vezes e a exclusão dos cadastros restritivos se dará em até 5 dias úteis após a efetivação da renegociação.
Outra novidade citada pela Caixa é que débitos de até R$ 100 serão excluídos dos cadastros externos de restrição de crédito. No entanto, a dívida não deixa de existir e o cliente pode aproveitar as condições especiais para fazer a negociação.
Economia – O gerente-executivo da Aciap, Carlos Henrique Scarabelli, demonstrou otimismo em relação ao Desenrola Brasil. “Permite a abertura de crédito para clientes que estavam negativados, isso ajuda a restabelecer a economia.”
Scarabelli disse que é possível perceber um movimento dos consumidores em busca da recuperação de crédito, fundamental para aderir a uma série de programas do Governo Federal, caso do Minha Casa, Minha Vida. O gerente-executivo da Aciap destacou também que quanto melhor for a pontuação do cliente como bom pagador, mais chances terá de acessar linhas de financiamento.
Para a classe empresarial, é a oportunidade de recuperar débitos pendentes e aumentar o capital de giro, assim chamado o dinheiro necessário para manter as atividades e pagar as despesas operacionais do negócio.
Segundo Scarabelli, esse cenário tem motivado empresários a retomar o crediário próprio. Oferecem a opção de pagamento com carnê dentro da loja, fazendo com que os clientes voltem frequentemente para quitar os débitos mensais, com chances inclusive de efetuar novas vendas. Assim fidelizam os consumidores e fogem das altas taxas cobradas pelas operadoras de máquinas de cartão bancário.