REINALDO SILVA
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Ao longo de 2022, a cadeia produtiva da mandioca tem sentido os impactos da falta de matéria-prima. Ontem, a tonelada da raiz alcançou a marca de R$ 1.044, conforme a cotação de preços da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab). O resultado confirma as projeções de elevação baseadas na redução da área plantada e no baixo teor de amido.
Diretor da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) e presidente do Sindicato Rural de Paranavaí, Ivo Pierin Júnior ressalta que o movimento do mercado de mandioca segue na direção contrária à de outros produtos nacionais. Alguns preços vêm caindo e impulsionam a deflação, diz. Agora é preciso saber como os consumidores de derivados da raiz de mandioca se comportarão diante das constantes altas.
Em safras anteriores, a competitividade com o amido de milho garantiu números expressivos à cadeia produtiva da mandioca, inclusive em relação ao consumo. O cenário mudou no decorrer deste ano. “Perdemos espaço por causa dos preços, e reconquistar o mercado pode ser muito difícil. Esperamos que não haja diminuição ainda mais significativa.”
Enquanto isso, a indústria precisa controlar os níveis de produção. “Administrar o que tem de amido disponível, para que essas altas tenham o mínimo de impacto”, pondera Pirerin Júnior.
Até o final de agosto e o início de setembro, o volume de raízes processadas foi maior, mas a produção de fécula ficou aquém do esperado, em razão do baixo teor de amido. As farinheiras da região perderam competitividade com indústrias de outras partes do país. A faixa que vai do Noroeste ao Oeste do Paraná concentra o maior parque de produção de derivados da mandioca.
A quase paralisação, assim chamada pelo diretor da Faep, prejudicou o volume de produção industrial e trouxe desequilíbrio para a cadeia da mandioca. Ele considera fundamental que a balança não pese só para um lado, mas se mantenha nos mesmos patamares tanto para os mandiocultores quando para as indústrias. “É interessante que os dois setores tenham condições de trabalhar.”
Perspectivas – Pierin Júnior explica que as lavouras de mandioca são podadas entre junho e agosto, podendo se estender até um pouco mais adiante, e o material é utilizado em novo plantio. A prática permite aumentar a área plantada, o que traz perspectivas de melhora em relação à oferta de raiz para a indústria.
As influências do ciclo de atividades no campo sobre a produção industrial deverão ser percebidas dentro de 30 dias, com a normalização da oferta de raiz. Segundo Pierin Júnior, lavouras em boas condições em uma área de solos favoráveis aumentam 80% a qualidade da raiz. A partir de novembro e dezembro, começa a acumular amido.