MARINHO SALDANHA
PORTO ALEGRE RS (UOL/FOLHAPRESS) – Em outubro de 2020, o Palmeiras enviou representantes ao Equador para contratar Miguel Ángel Ramírez, treinador de destaque com o Independiente del Valle. A oferta foi recusada, abrindo caminho para os anos de sucesso sob comando de Abel Ferreira. E o treinador espanhol, até então o ‘mais pedido’ no Brasil, viu sua carreira degringolar e hoje luta contra o rebaixamento na Série B da Espanha.
O QUE ACONTECEU
Após recusar o Palmeira, Miguel Ángel Ramírez finalmente trabalhou no Brasil, em 2021, no Internacional. Sem atingir os resultados esperados e com problemas de relacionamento com o elenco, ele foi demitido após três meses.
Em seguida, Ramírez fechou com o FC Charlotte, dos Estados Unidos, para iniciar o trabalho da franquia que disputaria pela primeira vez a MLS em 2022. Ainda que o rendimento do time fosse regular, problemas internos com grupo e diretoria resultaram na demissão.
Neste ano, Ramírez aceitou voltar a trabalhar na Europa, assumindo o Sporting Gijón, da segunda divisão espanhola. E novamente não está atingindo os resultados esperados, com 37 jogos disputados (são 42 ao todo na primeira fase do campeonato), sua equipe luta para evitar o rebaixamento para a terceira divisão.
NA ESPANHA
Quando chegou ao Gijón, Ramírez disse que ‘aprendeu’ em suas últimas escolhas e que assumiu o time porque entendeu que o projeto não seria interrompido e contemplaria o que ele entende ser o ideal. O treinador mostrou, sem citação direta, arrependimento das escolhas por Inter e Charlotte.
Ramírez segue muito apegado a seu modelo de jogo, inspirado em Pep Guardiola e embasado em posse de bola e uma equipe ofensiva. Por impor tal organização de equipe, sofre contestações também na Europa.
A diretoria do clube tinha como objetivo a classificação para os playoffs que poderiam levar o time à elite espanhola, mas agora a meta é não cair. A margem para o primeiro na linha de queda é, de certa forma, confortável: seis pontos.
“Nunca imaginei estar em um clube tão grande na Espanha como o Sporting [Gijón]. Não fui jogador, tenho uma trajetória diferente de outros treinadores. Graças a Deus tive a chance de entrar na base e ao longo da vida conheci pessoas e tive experiências que me fizeram um melhor ser humano e um melhor treinador, sem dúvida. Aprendi nas últimas experiências onde deveria estar e em que tipo de projeto deveria trabalhar. Recusei ofertas porque não eram os projetos que eu queria assumir”, disse Ramírez, em sua apresentação.
CENÁRIO PARECIDO
No Sporting Gijón, Ramírez encontrou ambiente semelhante ao do Inter. Seu time estava habituado a atuar de forma mais direta e ele chegou buscando impor o estilo que acompanha seu trabalho.
“Eu sei que é normal que a torcida reclame, eu também reclamaria, sei que a torcida aqui é muito exigente, querem ganhar desde o primeiro minuto. Encontramos um ambiente complicado a nível interno e estamos imersos em um processo de transformação. Mas eu sei que o treinador depende de resultados, essa é a ideia máxima do futebol”, disse Ramírez.