O maior desafio do setor mandioqueiro do Estado é baixar o custo de produção da raiz para se tornar competitivo, tanto no mercado interno e, como e principalmente, no mercado externo de fécula. Para isso, os esforços devem se concentrar na mecanização da colheita da mandioca (só a colheita é responsável por um terço do custo de produção) e na busca de uma variedade que seja tolerante aos herbicidas tornando desnecessária o serviço de capina, o que também exige bastante mão de obra hoje cada vez mais rara no campo.
A opinião é do presidente do Sindicato das Indústrias de Mandioca do Paraná (SIMP), João Eduardo Pasquini, ao comentar os 30 anos de fundação da entidade. Ele prevê um crescimento do setor para os próximos anos. “Para isso é preciso buscar novos mercados, principalmente o mercado externo. O crescimento do setor passa pela exportação”, diz. Ressalta, no entanto, que na atualidade não é recomendado, porque não há produção para atender este mercado. “A irregularidade no fornecimento de fécula pode até atrapalhar futuramente este mercado”, explica.
Para o presidente do SIMP só quando o setor estiver mais competitivo, com a mecanização da colheita e uma variedade resistente ao herbicida – o que já é objeto de pesquisa pela Embrapa Mandioca e Fruticultura, em parceria com a Associação Brasileira de Produtos de Amido de Mandioca (ABAM) – é que se as indústrias de mandioca terão condições de atender a demanda do mercado externo.
Hoje, o setor produz pouco mais de 500 mil toneladas de fécula por ano. Já chegou a 700 mil toneladas. Mas com o setor competitivo “a produção nacional vai subir e podemos chegar a 1 milhão de toneladas de fécula de mandioca anualmente”, acredita Pasquini.
O crescimento do setor industrial depende da redução de custos de produção para que a matéria-prima chegue com menor valor nas fecularias. “mas tem que ser um valor que o produtor ganhe dinheiro também”, defende ele.
SIMP – O SIMP foi criado em 13 de setembro 1993 no Oeste do Paraná (Marechal Cândido Rondon). No início dos anos 2000 a sede foi transferida para Paranavaí, localizada no Noroeste do Paraná, maior região produtora do país de mandioca e onde as principais indústrias do Estado estão concentradas.
“O SIMP tem o que comemorar nestes 30 anos e não é pouca coisa”, sublinha Pasquini. Aponta como exemplo de algumas conquistas o crescimento no número de associados, aumentando sua representatividade, inclusive junto a órgãos públicos, tem uma sede com espaço e conforto para suas reuniões e “é uma das poucas entidades que realiza reuniões semanais para discutir problemas do setor e avaliar o mercado. Além disso – continua o presidente – o Sindicato passou a prestar vários serviços para os associados, como as negociações salariais, a defesa do setor na área tributária, buscando a redução de impostos para tornar o setor mais competitivo e o apoio às pesquisas de interesse do setor”.
Aponta ainda como conquistas a criação do Fundo de Desenvolvimento da Mandioca (FDM), em parceria com a ABAM, para financiar pesquisas e o início das pesquisas sobre a mandioca gênica, que será tolerante a herbicidas.
Para o futuro, além de dar continuidade ao que já vem sendo feito, Pasquini aponta a necessidade de aquisição de sede própria para a entidade. “A cadeia produtiva de mandioca vai crescer e o SIMP tem que acompanhar este crescimento”, finaliza ele.