A cidade com a realidade mais crítica segue sendo Loanda. Com aproximadamente 24 mil habitantes, até esta terça município já havia registrado 2.335 confirmações da doença no período epidemiológico
MONIQUE MANGANARO
Da Redação
Descuido do poder público ou da população? Carência na tomada de medidas enérgicas ou falta de conscientização dos cidadãos? Autoridades sanitárias atribuem a diversos fatores o agravamento do cenário da dengue na região Noroeste do Paraná.
Os motivos podem ser muitos. Mas, fato é que, há pelo menos nove semanas, a 14ª Regional de Saúde de Paranavaí lidera o ranking com mais casos da doença no estado.
Dados atualizados nesta terça-feira (25) pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) indicam que a região soma 5.582 diagnósticos. No topo da lista, a 14ª supera outras grandes regionais do estado, como a 17ª de Londrina, que ocupa o segundo lugar, e a 15ª de Maringá, em terceiro.
Entre os 28 municípios que compõem a Regional de Paranavaí, a cidade com a realidade mais crítica segue sendo Loanda, que também se destaca nesse grave cenário desde o início do ano. A cidade, que tem aproximadamente 24 mil habitantes, até esta terça já havia registrado 2.335 confirmações da doença no período epidemiológico.
Mas além do município, ao menos outros 11 convivem com um cenário alarmante. Por ordem alfabética, são eles: Alto Paraná, Guairaçá, Itaúna do Sul, Marilena, Nova Londrina, Paranavaí, Querência do Norte, Santa Cruz de Monte Castelo, Santa Isabel do Ivaí, São João do Caiuá e São Pedro do Paraná.
Fora de controle – O médico veterinário da 14ª Regional de Saúde de Paranavaí, Walter Sordi Junior, diz que, em alguns desses municípios – Loanda, São João do Caiuá, Marilena e Querência do Norte, por exemplo – a situação saiu do controle. Nesses locais, para tentar frear a proliferação do mosquito Aedes aegypti, já foi preciso iniciar o uso do fumacê.

Foto: Ivan Fuquini/Arquivo DN
A adoção da estratégia mostra que a prevenção à doença, com a eliminação de criadouros, não foi suficiente, uma vez que se mostrou necessário eliminar o mosquito adulto. “Quando você tem um acúmulo de casos, você não consegue fazer o bloqueio em tempo hábil. E aí os números se multiplicam. Então, chega em um ponto [que] sai do controle porque não consegue mais fazer o bloqueio com a máquina costal”, avalia.
O especialista reitera que são inúmeros os fatores que podem explicar como a Regional de Saúde atingiu tal nível. O “desleixo”, segundo ele, por parte dos munícipes é uma das principais causas. “A população tem uma parcela muito grande de culpa na questão da dengue. A população joga lixo fora dos locais adequados”, considera.
O relaxamento das prefeituras com as medidas de combate entre o fim do ano passado e o início de 2025, especialmente nos períodos de festa e troca de gestão, também podem ter implicado fortemente.
Como agir diante do cenário crítico? – Apresentada a realidade, Sordi Junior entende que é preciso ação rápida e eficaz do poder público para buscar uma melhora. Garantir a limpeza da cidade é o item número um. “Depois, a qualidade do serviço dos agentes nos imóveis e a participação efetiva da população, a função do Comitê Municipal de Combate à Dengue, que é representado por várias entidades, tudo isso, somando-se, são fatores importantíssimos para o controle da dengue”, considera.
De acordo com o médico veterinário, todo o trabalho só é possível com a integração da ação das secretarias municipais, para tratar de maneira eficaz cada um dos problemas que agravam a dengue.
A integração entre os serviços é justamente uma das estratégias utilizadas por Loanda, segundo a secretária de Saúde do município, Maria Lusmir Fernandes. Ela assumiu a pasta no mês passado, quando já havia um estado de epidemia instalado.
Com uma força-tarefa entre agentes de diversas secretarias e entidades municipais, a cidade reforçou o trabalho de combate ao mosquito. “Foram realizados mutirões de limpeza, arrastões, limpezas em vias públicas e bueiros. Trabalhamos mais uma vez a conscientização da população, solicitamos o fumacê, passamos a notificar e multar moradores que apresentavam focos em suas residências e disponibilizamos um local somente para os atendimentos de pacientes com suspeita de dengue”, destaca a secretária.
O plano de ação adotado, mesmo recente, parece estar surtindo efeito, uma vez que os números de notificações e confirmações da doença começaram a diminuir, revelou Maria Lusmir. “Com a chegada do outono e a baixa na temperatura, é esperado que a proliferação dos mosquitos diminua, reduzindo, assim, os casos de dengue em nosso município. Continuaremos trabalhando para que consigamos controlar esta epidemia”.