REINALDO SILVA
reinaldo@diariodonoroeste.com.br
Julho é o mês mundial de luta contra as hepatites virais. Para marcar a data, a 14ª Regional de Saúde está estruturando uma ação que tem o objetivo de levar orientações para a população e incentivar a testagem. Ainda não há data prevista, mas a ideia é utilizar o Centro de Eventos de Paranavaí, em dias de vacinação contra a Covid-19, e aproveitar o grande fluxo de pessoas que vão até o local.
O teste é gratuito e está disponível na rede pública de saúde. Em aproximadamente 30 minutos é possível saber se o paciente tem ou não um dos tipos virais, A, B ou C. Pode ser feito nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de todo o Noroeste do Paraná e também no Sistema Integrado de Atendimento em Saúde (Sinas) de Paranavaí. As pessoas positivadas são encaminhadas para tratamento, também sem custos.
Técnica da Vigilância Epidemiológica da 14ª Regional de Saúde, Maria da Penha Francisco explica que as hepatites são doenças silenciosas e os sintomas iniciais se parecem com os de outras infecções virais, por exemplo, diarreia, apatia e cansaço. São sinais de que o estágio da doença já avançou. No caso dos tipos B e C, o paciente pode desenvolver cirrose hepática e câncer no fígado.
Atualmente, os municípios do Noroeste do Estado somam 64 pessoas com hepatite B e nove com hepatite C em fase de tratamento. A taxa de detecção de casos do tipo B subiu de 4,3 em 2017 para 10,2 no ano seguinte e teve leve redução em 2018, chegando a 9,1. Em relação ao vírus C, a taxa de detecção era de 1,5 em 2014 e saltou para 8 em 2015, passando para 11,6 em 2016, 8,3 em 2017, novamente 8 em 2018 e 9,4 em 2019.
Chefe regional de Vigilância Epidemiológica, Samira Silva afirma que as elevações nos diagnósticos positivos não representam surtos de hepatites virais. Mostram, no entanto, que o volume de testagens aumentou ao longo dos anos, o que tem permitido oferecer tratamento adequado para os pacientes – sem essa dinâmica, muitos não saberiam que são portadores do vírus.
Hepatite A – Um dos tipos virais, A, é transmitido por via fecal-oral, especialmente por água e alimentos contaminados. A disseminação está relacionada às condições de saneamento básico e de higiene da população. A principal medida de prevenção é a vacina, altamente segura e eficaz, que integra o calendário de imunização infantil do Sistema Único de Saúde (SUS). A primeira dose é aplicada aos 15 meses de idade.
Números da 14ª Regional de Saúde mostram que em 2009 o Noroeste do Paraná teve 42 diagnósticos positivos da doença. Houve reduções gradativas a partir de então, chegando a 32 em 2011, 22 em 2013 e 10 em 2015. O cenário ficou ainda mais favorável: um caso em 2016, nenhum registro em 2017, um em 2018, dois em 2019 e novamente zero em 2020.
Samira Silva destaca que a maior parte dos casos de hepatite A tem cura. “O prognóstico é muito bom”, e a evolução resulta em recuperação completa. A ocorrência de morte é inferior a 1% dos casos ictéricos e não existem quadros crônicos.
Hepatites B e C – Doenças infecciosas, as hepatites B e C apresentam período de incubação, que é o intervalo entre a exposição efetiva do hospedeiro suscetível ao vírus e o início dos sintomas – são 60 dias para o tipo B e 90 dias para o C. Os primeiros sinais de manifestação das doenças podem aparecer de 30 a 180 dias.
O paciente positivado pode apresentar pele e olhos amarelados; dor e inchaço na região da barriga; febre baixa e constante; enjoos ou tonturas frequentes; dor nas articulações; pele e olhos amarelados; urina escura; perda de apetite; e fezes amareladas, acinzentadas e esbranquiçadas.
A transmissão das hepatites B e C se dá por relações sexuais sem preservativo, procedimentos sem esterilização adequada (intervenções odontológicas e cirúrgicas, hemodiálise, tatuagem e perfuração de orelha, para citar alguns), transfusão de sangue e acidentes perfurocortantes. Também pode ser vertical, ou seja, de mãe para filho, e durante o processo de amamentação. De acordo com Samira Silva, os vírus são altamente resistentes e a transmissão é mais fácil do que o HIV, causador da Aids. O SUS oferece vacina contra a hepatite B.
Mobilização – O Brasil é precursor nas ações de prevenção e combate às hepatites virais. Em 2010, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu o desempenho favorável do SUS e estabeleceu o mês de mobilização em todos os países, seguindo as propostas brasileiras.
Por isso, desde o início de julho a equipe Sistema Integrado de Atendimento em Saúde de Paranavaí está intensificando as ações relacionadas às hepatites virais. Tem visitado empresas para falar com os trabalhadores sobre as doenças e promover as testagens rápidas. Também é possível agendar palestras. A equipe aproveita a oportunidade para dar orientações a respeito de HIV e sífilis.
Os atendimentos diários na sede do Sinas estão mantidos, mas é necessário agendar por telefone, para evitar que haja aglomeração de pessoas, cuidado fundamental durante a pandemia de Covid-19, que exige distanciamento social. O número para contato é (44)3424-8574 e as testagens são feitas de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 11h30 e das 13h às 15h30.
Maria da Penha Francisco explica que as hepatites são doenças silenciosas e os sintomas iniciais se parecem com os de outras infecções por vírus
Foto: Ivan Fuquini
Samira Silva afirma que as elevações nos diagnósticos positivos não representam, necessariamente, surtos de hepatites virais
Foto: Ivan Fuquini