REINALDO SILVA
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Desde 1º de agosto de 2021 até a atualização mais recente da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), no dia 19 de julho deste ano, duas pessoas morreram no Noroeste do Paraná por complicações da dengue, uma em Paraíso do Norte, outra em Santo Antônio do Caiuá. Ao longo do período, 14 municípios enfrentaram epidemia da doença.
Além da dengue, o Aedes aegypti transmite zika e chikungunya. O ciclo de vida é dividido em quatro etapas: ovo, larva, pupa e mosquito adulto. Em resumo, a fêmea deposita os ovos nas bordas dos recipientes com água limpa e parada; depois, se transformam em larvas e chegam à fase de pupa; por fim, assumem a forma de inseto alado. Em condições ambientais favoráveis, pode levar de 7 a 10 dias.
Os ovos podem ser depositados em qualquer objeto que acumule água, de grandes reservatórios a uma tampinha de garrafa. Por isso, é recomendado vedar corretamente caixas d’água e cisternas, higienizar com frequência bebedouros de animais e manter o quintal limpo.
Nas últimas semanas, uma combinação de fatores achatou os números de casos positivos no Noroeste do Paraná. Chefe regional da Vigilância em Saúde, Walter Sordi Junior explicou que a estiagem e as temperaturas amenas estão retardando o ciclo de desenvolvimento do mosquito transmissor da dengue. Ele também falou da atuação do poder público, que intensificou a eliminação de criadouros.
Da mesma maneira, o envolvimento da comunidade é essencial. Sordi Junior incentivou grupos da sociedade civil a organizarem campanhas pontuais ou permanentes de limpeza, apontando a importância de promover a conscientização sobre o descarte correto de lixo.
Um exemplo positivo foi a campanha “Aqui o mosquito não entra”, desenvolvida pelo Sesc Paraná. A ação começou no dia 31 de janeiro e se estendeu até 19 de junho. A ideia era estimular os moradores a eliminarem criadouro do Aedes aegypti, fazendo registros fotográficos e compartilhamento das imagens.
Resultados – Considerando os números de todo o Estado, as unidades do Sesc de Umuarama, Apucarana e Ponta Grossa alcançaram os melhores resultados. Entre os municípios da Região Noroeste, destacaram-se Paraíso do Norte, São Carlos do Ivaí e Alto Paraná. Em Paranavaí, as escolas municipais Dr. José Vaz de Carvalho, Hermeto Botelho e Getúlio Vargas obtiveram os maiores índices de eliminação de criadouros do mosquito.
Entre os participantes individuais da região, Alison André de Almeida se destacou, com 1.338 registros. Ele é supervisor de Endemias em Paraíso do Norte e contou que o trabalho de eliminação de focos é feito praticamente todos os dias. “O que fiz foi simplesmente registrar com fotos.”
Afirmou que a quantidade de focos ou de possíveis focos encontrados é enorme, principalmente em terrenos baldios. “A população não colabora no descarte correto do lixo. Dependendo do local, cheguei a eliminar mais de 50 focos em um terreno”, disse Almeida.
Do ponto de vista da equipe municipal, a situação da dengue em Paraíso do Norte está controlada. “Conseguimos isso fazendo o bloqueio mecânico e com UBV costal e não precisamos recorrer à ajuda da UBV pesada, que seria o famoso fumacê.” Em 2022, foram 76 casos positivos e 37 negativos. Já são 10 dias sem notificações.
Conscientização – A gerente do Sesc de Paranavaí, Lidiane Galvan, disse que além da remoção mecânica dos focos de Aedes aegypti, campanha buscou criar nas pessoas “uma consciência de que a eliminação do mosquito está nas mãos de todos”. Até 80% dos criadouros estão localizados em residências e propriedades privadas, informou.
Foram parceiros do Sesc de Paranavaí a 14ª Regional de Saúde, a Prefeitura, por meio da Secretaria de Educação e da Vigilância em Saúde, e o Tiro de Guerra.
De acordo com Lidiane Galvan, as ações voltadas à prevenção e ao combate da dengue são constantes, parte da proposta “Educação em saúde”, que “promove espaços de diálogo, a fim de intervir positivamente nos determinantes sociais da saúde”. O objetivo é provocar mudanças nos motivos que levam a determinados estilos vida, considerando, inclusive, fatores sociais e estruturais.
Para isso, é feito um diagnóstico com as questões mais relevantes em cada território. A partir daí, são desenvolvidas ações interdisciplinares de caráter educativo nos âmbitos da promoção, da prevenção e do controle social da saúde.
No caso da dengue, os trabalhos organizados pelo Sesc de Paranavaí visam à eliminação dos criadouros do Aedes aegypti, chamando a atenção, entre outros aspectos, para o descarte de lixo. Além de ser uma questão de saúde pública, trata-se de uma preocupação ambiental.