REINALDO SILVA
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A insistência de casos positivos de dengue nos municípios do Noroeste do Paraná revela um fator preocupante: mesmo durante o inverno, com temperaturas amenas e pouco volume de chuva, o vírus causador da doença continua em circulação.
Se a transmissão se dá pelo mosquito Aedes aegypti, significa que há falhas no processo de eliminação dos criadouros.
O problema levou a 14ª Regional de Saúde a reforçar o apelo tantas vezes repetido: o combate à dengue deve ser feito agora.
Julho e agosto são os meses propícios para fazer a limpeza de espaços e equipamentos públicos e propriedades particulares. “A partir de setembro começa a chover com mais frequência, se não tivermos eliminado os focos do vetor, os casos positivos vão explodir de novo”, diz o médico veterinário da Divisão de Vigilância em Saúde da 14ª Regional de Saúde, Walter Sordi Junior.
A responsabilidade é compartilhada entre poder público e população.
Aos municípios cabem tarefas como intensificar as visitas domiciliares para identificar e destruir mecanicamente os possíveis criadouros do Aedes aegypti. Também é necessário localizar e autuar moradores e empresários que descartam lixo de maneira irregular em vias públicas, terrenos baldios e fundos de vale.
Algumas prefeituras da região enfrentam outro problema, a defasagem no quadro de servidores que atuam no controle de endemias. O ideal é ter um agente para cada 800 imóveis, mas existem municípios em que o número passa de 1.000.
A despeito das atribuições do poder público, a maior dificuldade está nos hábitos da comunidade. O diretor da 14ª Regional de Saúde, Sérgio José Ferreira, arrisca dizer que mais de 90% dos focos de Aedes aegypti têm origem na falta de cuidados da própria população.
Orientações, ações de conscientização e medidas educativas existem. É preciso colocar essas informações em prática, sustenta Ferreira.
Casos positivos – O calendário epidemiológico estipulado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) começa no dia 1º de agosto de um ano e vai até 31 de julho do ano seguinte. Nesse recorte entre 2022 e 2023, Nova Londrina teve o maior número de casos positivos de dengue, 1.149. Paranavaí aparece logo depois com 926 confirmações. Terra Rica somou 733.
Na proporção com o número de habitantes, as maiores incidências foram registradas, nesta ordem, em Marilena, Nova Londrina e Itaúna do Sul. Na outra ponta da tabela, com menor incidência, aparecem Cruzeiro do Sul, Nova Aliança do Ivaí e Santo Antônio do Caiuá.