Além de exames e medicamentos, a rede pública conta com equipe multidisciplinar para garantir cuidados psicológicos e assistência social aos portadores do vírus
REINALDO SILVA
Da Redação
O kit distribuído para moradores de Paranavaí é composto por camisinhas masculina e feminina e gel lubrificante íntimo. A ação faz parte da campanha Dezembro Vermelho, que chama a atenção para a prevenção de HIV/Aids e propõe o combate ao preconceito. O tema deste ano é “HIV. É sobre viver, conviver e respeitar. Teste e trate. Previna-se”.
Responsável pelo programa de Controle das IST/Aids na 14ª Regional de Saúde de Paranavaí, Maria da Penha Francisco explica que o paciente diagnosticado com HIV tem à disposição tratamento gratuito oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), desde a realização de exames até o acesso aos medicamentos.
A rede pública também conta com equipe multidisciplinar para garantir cuidados psicológicos e assistência social aos portadores do vírus. Em Paranavaí, a organização não governamental Grupo Gotas de Esperança (Goes) é parceira no acolhimento de pacientes e familiares.
Maria da Penha destaca que a medicação antirretroviral é essencial para que as pessoas com HIV levem a vida normalmente. “É possível conviver com o vírus e continuar fazendo as mesmas atividades.”
Em estágios mais avançados, quando o diagnóstico é tardio, o paciente pode desenvolver as chamadas doenças oportunistas, que se manifestam em razão do comprometimento do sistema imunológico – nesses casos, o quadro é classificado como Aids, sendo imprescindível tratar as infecções.
Apesar de haver tratamento para os quadros de HIV/Aids, ainda não há cura.
PERFIL DOS PACIENTES – No período de 2013 a 2024, os municípios da 14ª Regional de Saúde notificaram 432 pessoas infectadas pelo vírus. Desse total, foram 306 casos de HIV e 126 de Aids. Entre os pacientes, 71,5% são do sexo masculino e 28,5% do sexo feminino.
Os números são preliminares, pois o levantamento de 2024 ainda não foi concluído. Mesmo assim, a partir desses dados é possível traçar o perfil dos pacientes.
Considerando o recorte de tempo de 2013 até este ano, a faixa etária de 20 a 34 concentra o maior volume de casos, 186 ou 43% do total. O público de 35 a 49 anos aparece em segundo lugar na lista, com 156 casos (36%). No grupo de 50 a 64 anos, são 61 casos (14%). Com menor incidência aparecem as pessoas de 15 a 19 anos, com 20 casos (4,6%) e de 65 anos ou mais, com oito casos (1,8%).
Entre as pessoas que se definem como homossexuais, a maioria dos diagnósticos positivos está no grupo de 20 a 34 anos de idade (62,2%). Depois vêm os grupos de 35 a 49 anos (21%), 15 a 19 anos (10,5%), 50 a 64 anos (5,6%) e 65 anos ou mais (0,7%).
A divisão de casos no público heterossexual é a seguinte: 42,3% são pessoas de 35 a 49 anos; 33,8% têm de 20 a 34 anos; 19,2% estão na faixa de 50 a 64 anos; 2,7% têm 65 anos ou mais; e 1,9% representa o público de 15 a 19 anos.
De acordo com Maria da Penha, os dados apontam a importância de desenvolver ações voltadas a populações específicas, sem perder o foco na orientação da população jovem.
TESTE RÁPIDO – A responsável pelo programa de Controle das IST/Aids na região fala do projeto APS+Forte. Dentre os mais de 100 itens avaliados, qualificados e monitorados estão os testes rápidos. “O teste de HIV ganha destaque para a realização oportuna e precoce, com qualidade, com registro adequado e seguindo todos os protocolos do programa.”
Na manhã desta segunda-feira (9), profissionais da 14ª Regional de Saúde, do Sistema Integrado de Atendimento em Saúde (Sinas) e do Ambulatório Médico de Especialidades (AME) realizaram 42 testes rápidos de HIV e fizeram orientações sobre os resultados.
Durante todo o mês, as unidades básicas de saúde de todos os municípios também terão ações específicas dentro da campanha Dezembro Vermelho, com decoração específica sobre o tema e divulgação de informações a respeito da prevenção e do tratamento.v