REINALDO SILVA – da redação
De 1º de janeiro a 12 de setembro deste ano, o 9º Subgrupamento de Bombeiros Independente (9º SGBI) registrou 460 ocorrências de incêndio em Paranavaí. O número é 93% maior do que no mesmo período de 2023, quando foram anotados 238 casos.
O sistema do Corpo de Bombeiros mostra que apenas neste mês Paranavaí teve 46 situações de incêndio, sendo 39 em vegetações, três em edificações, três em meios de transporte e uma classificada como outros. Para comparar, nos 30 dias de setembro de 2023, o 9º SGBI contabilizou 34 casos de incêndio.
A explicação para o crescimento está nas condições do tempo: a longa estiagem e a baixa umidade relativa do ar contribuem para o avanço das queimadas – intencionais ou não. Uma única bituca de cigarro jogada em área de vegetação pode resultar em incêndio de grandes proporções.
De acordo com a Defesa Civil do Paraná, o estado atravessa o período mais crítico para queimadas ambientais, com mais de 10 mil focos de janeiro a agosto.
A característica severa da estiagem levou o governador Carlos Massa Ratinho Junior a decretar situação de emergência e motivou a liberação de R$ 5 milhões voltados para o enfrentamento da estiagem. O dinheiro já está no caixa do Fundo Estadual para Calamidades Públicas (Fecap) e pode ser acessado por prefeitos que homologarem situação de emergência ou calamidade.
O coordenador-geral da Defesa Civil do Paraná, coronel Fernando Schuning, informou que os recursos poderão ser aplicados na aquisição de combustível para caminhões utilizados em obras de desassoreamento, na contratação de caminhões-pipas para a entrega de água, na aquisição de reservatórios para atendimento a comunidades com dificuldades para conseguir água e na compra de cestas básicas para as famílias que moram em áreas afetadas pela seca.
Segundo o governo do estado, dois terços das bacias hidrográficas paranaenses estão classificados como críticos, quando o volume está próximo do limite de captação, ou em situação de alerta, com característica intermediária, mas que requer cuidados.
Para o secretário estadual do Desenvolvimento Sustentável, Everton Souza, o cenário exige medidas efetivas de proteção aos recursos hídricos, incluindo ações de prevenção e combate a incêndios em matas ciliares e regiões próximas de nascentes.
Mais quente
Meteorologista do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), Samuel Braun informou que o trimestre de junho a agosto de 2024 foi o mais quente desde 1998 para as estações de Paranavaí, Curitiba, Guarapuava, Londrina, Cambará e Maringá.
No caso de Paranavaí, este ano a média de temperaturas dos três meses foi de 21,3°C, acima da contagem histórica de 19,9°C.
Fumaça
Braun destacou que a fumaça presente há dias sobre o Paraná é transportada por ventos em níveis mais elevados da atmosfera a partir dos focos de incêndio nas regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil e na Bolívia. A tendência é que a situação persista ao longo deste sábado, apesar de menos perceptível aos olhos, em razão da nebulosidade.
A chuva prevista para o fim de semana deve amenizar essa situação. A expectativa é que também reduza a incidência de queimadas no território paranaense.
Chuva
O registro de chuva mais recente feito pelo Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) data de 24 de agosto, 32,8 milímetros. Em todo o mês, choveu 36,2 milímetros, pouco mais da metade da média histórica, 63,3 milímetros.
Da mesma forma que em agosto, a maioria dos meses de 2024 teve volume acumulado de precipitação abaixo da contagem histórica do Simepar, iniciada em 1998. A exceção foi abril: a média é de 96,3 milímetros, mas em 2024 a marcação chegou a 125,6 milímetros.
Nos restante do ano, a situação foi de déficit na comparação com a média, conforme mostra a tabela a seguir:
Mês | Jan | Fev | Mar | Abr | Mai | Jun | Jul | Ago |
Média histórica | 179,7 | 164,1 | 124,6 | 96,3 | 97,7 | 69 | 57,5 | 63,3 |
2024 | 17,2 | 145,0 | 102,6 | 125 | 66,4 | – | 44,4 | 36,2 |
Anomalia | -162,5 | -19,1 | -22 | 29,3 | -31,3 | -69 | -13,1 | -27,1 |
Fonte: Simepar