A indústria do Paraná contratou 1.362 trabalhadores em junho. Foi o segundo setor que mais admitiu profissionais no estado, atrás apenas do setor de serviços, que abriu 4.843 novas vagas. A construção civil ficou em terceiro (1.035), seguida de comércio (754) e agropecuária, que fechou 95 postos. No total, o Paraná gerou 7.899 empregos no mês. O resultado da indústria superou em 61% o registrado em maio, quando foram abertas 846 vagas. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho.
No Brasil, o setor industrial foi responsável por 12.117 empregos formais (com carteira assinada) em junho. Entre os estados do sul, o Paraná obteve o melhor desempenho no mês, já que em Santa Catarina foram fechados 1.590 postos de trabalho e, no Rio Grande do Sul, 3.305.
Embora junho tenha sido positivo, a oferta de empregos no setor caiu 40% na comparação com o mesmo mês do ano passado. No primeiro semestre, a redução é de 31% frente aos primeiros seis meses de 2022. E, nos últimos 12 meses, também caiu 67% em relação ao período que vai de julho do ano passado até junho deste ano. O Paraná ocupa a quinta posição no ranking nacional na geração de empregos na indústria este ano, superado por São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, somando 12.280 contratações. No período, a indústria brasileira criou 135.361 postos.
“A indústria, assim como os demais setores da economia, enfrenta um ambiente adverso à geração de emprego”, sinaliza a analista de Desenvolvimento Econômico da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Mari Santos. “Entre os fatores que influenciam este cenário estão baixa demanda do mercado consumidor interno e o alto custo do crédito – com a taxa básica de juros (Selic) fixada em 13,75% ao ano”, justifica. “Também há uma forte competição em algumas atividades industriais com empresas estrangeiras que disputam o mercado interno, além do encolhimento da economia mundial”, justifica Mari.
Outra questão mencionada pela analista é o decréscimo do desemprego no Paraná, com a taxa em torno de 5,4%. “Há uma dificuldade de encontrar trabalhador qualificado disponível no mercado. A competição por este profissional empregado em outra atividade acaba elevando o custo destas contratações para as empresas”, explica.
O alto custo do crédito para investimentos interfere não só na aquisição de máquinas e equipamentos, reforma e ampliação das fábricas, mas também na geração de empregos. “O empresário evita comprometer seu caixa neste momento de menor demanda de consumo no mercado interno. Sem perspectivas de aumentar sua produção, ele adia também a contratação de mais trabalhadores”, complementa a analista da Fiep.
Setores empregadores – Das 24 atividades analisadas pelo Caged em junho, 13 abriram novas vagas. O setor alimentício lidera o ranking no Paraná, com 1.275 novas admissões. Na sequência aparecem fabricação de produtos químicos (406), manutenção e reparação de máquinas e equipamentos (183), produtos diversos (164) e madeira (117). Os que mais dispensaram trabalhadores no mês foram automotivo (-206), confecções e artigos do vestuário (-198), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-154), produtos têxteis (-113) e metalurgia (-98).
Já no acumulado de janeiro a junho, apenas cinco segmentos, dos 24 avaliados, fecharam mais vagas do que abriram. São eles, máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-887), metalurgia (-304), fabricação de equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos (-198), minerais não-metálicos (-115) e outros equipamentos de transporte (-35). Do outro lado, setor alimentício abriu 5.941 postos neste primeiro semestre. Depois aparecem fabricação de produtos químicos (1.336), confecções e artigos do vestuário (1.017), borracha e material plástico (884) e produtos de metal (704).
Perfil e localização geográfica – Em 2023, a maioria das contratações na indústria foi de pessoas com Ensino Médio Completo (7.180). Também foram admitidos 2.515 trabalhadores com o Ensino Médio Incompleto, 1.061 com Ensino Fundamental 1 (até o 5º ano) incompleto e 867 com o Fundamental II Incompleto (do 6º ao 9º ano). Os jovens de 18 a 24 anos foram o principal alvo das empresas, com quase 10.500 novas oportunidades. Iniciantes de 15 a 17 anos somam mais de 2.700 ocupantes das vagas semestrais. No entanto, 2.250 pessoas dispensadas estão na faixa acima dos 30 anos, sendo a maioria (1.492), entre 50 e 64 anos. Do total de 12.280 profissionais selecionados no acumulado do ano, 57% são homens (6.977) e 43% mulheres (5.303).
O município campeão de oportunidades preenchidas na indústria paranaense foi Assis Chateaubriand, no Oeste do estado, com 1.050 novas contratações. Maringá está em segundo lugar, com 894. Seguida por Toledo (833), Cascavel (831) e Rolândia (811). Curitiba está do outro lado do ranking, como a cidade que mais demitiu trabalhadores este ano na indústria (-1.799). Palotina (-248), Matelândia (-222), Tapejara (-209) e Quedas do Iguaçu (-173) completam a lista.