ADÃO RIBEIRO
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Rogério Lorenzetti, 64 anos, é um dos nomes mais lembrados da política recente em Paranavaí. O título da nossa matéria reproduz o início da resposta a uma provocação feita pela reportagem sobre o momento político já visando às eleições de 2022. Questionado se a expressão “Não estou fora do jogo” seria uma boa forma de apresentar a longa conversa com o Diário do Noroeste, ele foi enfático: “Não estou fora do jogo; nem tem motivo”.
Prefeito por duas gestões (2009/2016), Lorenzetti recebeu a equipe do DN em seu escritório na Rua Rio Grande do Norte, logo no começo da manhã da última quarta-feira (30 de junho) com os termômetros registrando cerca de 2ºC. Aliás, antes da entrevista, ele mantinha contato com o filho Luiz Paulo para saber dos efeitos da geada na lavoura e outras medidas administrativas de quem coordena uma grande empresa rural.
Embasando a sua afirmação sobre estar no jogo, Lorenzetti lembra que disputou as últimas eleições para deputado federal em 2018, alcançando 40.290 votos pelo PSD, partido ao qual continua filiado. “Sou suplente de deputado e, como tal, estou no jogo sim”, reforça, complementando que não pensa em abandonar a política neste momento. Admite que pode dar uma pausa pontual em função da iniciativa privada, já que está em fase de ampliação das atividades. Sem contar que o fato de não ter mandato em curso possibilita focar o trabalho de desenvolvimento empresarial, promoção das pessoas e das atividades empreendedoras.
Prazo para definições – Eventuais disputas eleitorais, portanto, serão definidas no início do ano que vem. Ele cita que tem um grupo, já reconhecido pela comunidade. Uma das lideranças parceiras é o ex-prefeito (gestão1997/2000) e deputado estadual por dois mandatos (2007/2014), Teruo Kato. Outro expoente é o empresário Mauricio Gehlen, seu parceiro de chapa nas eleições proporcionais de 2018. Gehlen teve 21.018 votos para deputado estadual pelo PV.
Ainda sobre o tema disputa de eleições, Lorenzetti opina que só se encerra uma carreira política quando a população “não vota mais em você”. E por isso não se julga fora de nenhuma disputa. Admite, no entanto, que reduziu seu nível de engajamento nas redes sociais, já que, embora tenha muitos apoios, uma pequena parcela torna o debate difícil, partindo para agressões. Tudo isso, num terreno pouco esclarecido e sem mediação. “Como não tenho mandato, dei um tempo. Ainda assim, recebi mais elogios do que críticas”, pondera. Ele vê a chamada imprensa tradicional com credibilidade para promover um debate produtivo à comunidade.
O Noroeste do Paraná, chamado de fundão, deve ser mobilizado no mesmo projeto de desenvolvimento. Ele entende que esta é uma tarefa das lideranças locais, pois sem a região os projetos podem ficar comprometidos. “É uma questão de identidade. Todos precisam fazer parte do debate”, simplifica.
Apoio ao governador – No âmbito do Poder Executivo estadual, Lorenzetti antecipa que vai apoiar a reeleição do governador Ratinho Júnior, também do PSD. Portanto, no momento oportuno, deve mobilizar grupos e se organizar para o pleito.
No plano federal o ex-prefeito espera uma terceira via para definir apoio na eleição de presidente da República. Lamenta a polarização entre o atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “A polarização atual não é boa”, analisa, apostando no novo nome para “mexer” com a disputa. E antecipa: “Eu não apoio nem um, nem o outro”. O ex-prefeito entende que ainda há tempo hábil para que se defina um nome capaz de unir os interesses da maioria da sociedade brasileira.
Nova e velha política – Ciente de que faz parte de um grupo apontado como mais tradicional na política, Lorenzetti, empresário do agronegócio, diz que acredita na evolução humana e acompanha com naturalidade a chamada “nova política”. Portanto, o desenvolvimento das ideias deve resultar em um momento melhor. Adverte que hoje há uma tendência de desconstrução dos projetos e não de construção de um projeto nacional.
Gestão – No plano local, Rogério Lorenzetti entende que a cidade vive momento difícil por conta da pandemia, cenário comum a todas as cidades brasileiras. Mas, opina que há “muita retórica” e poucas obras de impacto. No entanto, ressalta que na condição de cidadão está satisfeito com a forma de o município gastar os recursos públicos. A cidade tem o básico, incluindo o recape e manutenção de ruas, escolas, postos de saúde e outros. Acredita que pode haver incremento nas políticas sociais, por exemplo. Sobre o tema, fala que implantou cinco programas para atender as famílias mais carentes e acha indispensável o chamado terceiro setor na ação social, inclusive com subsídios públicos.
Cobra o que chama de grandes obras, sobretudo, a reforma e adequação de prédios públicos. Cita como referência que o orçamento do município está na casa dos R$ 250 milhões ao ano.
Vereadores – No âmbito do Poder Legislativo, pondera que uma avaliação detalhada está comprometida, já que não participa diretamente. Ainda assim, acha que há um fluxo apropriado das demandas em relação ao Executivo.
Defende que a reforma previdenciária é uma necessidade e que o encaminhamento deve se dar no plano técnico. Ainda assim, analisa que é preciso proteger os servidores que estão em vias de se aposentar. No entendimento do ex-prefeito, o servidor não foi a causa principal do déficit, embora não tenha recolhido valores suficientes. Por outro lado, não foi chamado para isso no tempo adequado.
A reforma, complementa, é uma necessidade para que o município mantenha a capacidade de investimento e certidões que possibilitem buscar recursos de financiamento e a fundo perdido.