Na sexta-feira (19) foi o Dia Nacional do Futebol, data para celebrar o esporte mais popular do País, e a oportunidade para exaltar pessoas que dedicam tempo e esforço ao futebol.
Hoje, contaremos a história de Antônio Carlos Cabrera Martins, de 52 anos, que desde 2006 ajuda na rouparia do Atlético Clube Paranavaí (ACP) e é um declarado amante do esporte.
Mais conhecido por Vanusa ou até mesmo por “Cara de Concha”, expressão usada por ele em forma de brincadeira nas resenhas de futebol (rodas de conversa), concedeu uma entrevista exclusiva ao Diário do Noroeste e falou sobre sua ligação com o futebol.
“Futebol representa quase tudo. Depois da minha família é a minha grande paixão. Uma relação de amor verdadeiro”, contou Vanusa.
Natural de Japurá, município a 53 quilômetros de Paranavaí, Vanusa tem uma doença degenerativa, causada no nascimento. Ele mora na capital da laranja desde 1981, é casado e pai de 4 filhos.
O desportista relembra que sua vida sempre foi ligada ao futebol. Na época de criança e adolescente era goleiro em times das escolas por onde estudou. Tempo depois jogou campeonatos amadores e teve até oportunidades de jogar nos júniores do ACP, mas precisou trabalhar e não deu continuidade na carreira.
Ao passar dos anos a doença foi se agravando e ele precisou se aposentar das atividades profissionais que exercia. A aposentadoria precoce o deixou com o tempo ocioso e então, em 1997, Vanusa passou acompanhar os treinos da escolinha do Paranavaí Atlético Clube (PAC), rival do ACP na época.
Dias depois, ele estava auxiliando nos treinos, mas não demorou muito se tornou treinador da escolinha, função em que ficou até 2006. Vanusa relembra que aproximadamente 200 crianças participavam das atividades. Ele também ressaltou que o objetivo principal era tirar os jovens das ruas e evitar que entrassem no caminho das drogas.
Após a saída do PAC, Vanusa começou a trabalhar voluntariamente na rouparia da base e profissional do ACP, situação que continua até os dias de hoje. “Amo de paixão. Sou torcedor do clube e dou essa contribuição com
maior gosto.”
Foi nos bastidores do ACP que viveu uma de suas maiores emoções dentro do futebol. Ele estava no time campeão da Série A do Paranaense, em 2007.
“Você acompanhar o título do seu time no sofá ou na arquibancada é maravilhoso, mas estar nos bastidores e viver o dia a dia essa emoção é muito grande.”
Outra grande felicidade que o futebol lhe proporciona é dizer que 99% dos jovens que treinaram com ele se tornarem pessoas de bem.
O futebol não foi só de alegrias para Vanusa. Ele apontou duas grandes tristezas, ver o ACP ser rebaixado da primeira divisão e presenciar duas cenas com jovens que ele treinou.
“Certa vez vi dois garotos que estavam sob efeitos de drogas caídos em uma calçada. Outra que me doeu muito foi mais recente. Fomos jogar contra o Nacional e alguém do lado de fora do vestiário me chamou. Quando cheguei no alambrado era um rapaz que treinou comigo e estava em situação de rua.”
Seu maior sonho no futebol é ver o ACP novamente na primeira divisão, retorno que ficou próximo de acontecer em 2024. O Vermelhinho chegou até as semifinais da Série B do Paranaense, mas foi eliminado pelo Rio Branco.