Previsão é de que os leitos sejam ativados na próxima segunda-feira. A UTI Covid passará de 10 para 20 leitos
A UTI da Ala Covid da Santa Casa de Paranavaí vai passar de 10 para 20 leitos. Para abrir os novos leitos, o hospital está desativando a ala em que eram internados pacientes particulares e de convênio com outras doenças. Esta ala particular era uma fonte de recursos para cobrir o déficit provocado pelo SUS.
A decisão foi tomada na tarde de quarta-feira, dia 3, em reunião entre o diretor-geral administrativo do hospital, Héracles Alencar Arrais, com o gerente financeiro Marcelo Sales Cripa e o médico-chefe da UTI, Bruno Leal. O assunto vinha sendo discutido desde o último domingo (28), quando a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) solicitou a realização de estudos para abrir novos leitos de terapia intensiva na Santa Casa. “O grande problema foi e continua sendo a contratação de médicos. Não existe médico disponível no mercado. Para abrir os leitos, considerando a necessidade de rodízio e descanso são necessários mais cinco médicos. Isto atrasou a tomada de decisão”, explicou Arrais.
Logo após a reunião, o diretor comunicou a decisão, por telefone, da possibilidade de abertura dos novos leitos de UTI ao diretor de Gestão em Saúde da Sesa, Vinicius Filipak, que comemorou a notícia e anunciou o encaminhamento para a Santa Casa de dez novos monitores, que serão utilizados na nova ala. A previsão é de que os novos leitos sejam ativados na próxima segunda-feira, dia 8. Como toda a Ala Covid, os novos leitos de UTI ficarão à disposição de pacientes dos 28 municípios sob a jurisdição da 14ª Regional de Saúde.
Antes de tomar a decisão, a Santa Casa também consultou o fornecedor de oxigênio, cujo caminhão passa, em média, duas vezes por semana, para abastecer o hospital. O fornecedor concordou em passar mais uma vez semanalmente. Mas, para isso, a Santa Casa terá de criar um sistema que permitirá receber o oxigênio hospitalar no período noturno.
A abertura dos novos leitos vai impactar as finanças da instituição, porque serão utilizados ainda mais equipamentos de proteção individual (EPI), como máscaras, luvas, gorros e aventais descartáveis, material de desinfecção, como álcool e hipoclorito de sódio e, de outro lado, cessará uma fonte de receita, que são as internações por convênio e particulares. “Com certeza haverá um novo desiquilíbrio nas contas do hospital”, atesta Cripa. “O que estamos fazendo agora é para evitar novas mortes por Covid. Mas teremos que pensar sim na sobrevivência do hospital”, confirma Arrais.
UNIDADE MORUMBI – Outra informação dada por Arrais é que a diretoria da Santa Casa continua trabalhando junto à Sesa para definir o contrato de custeio da Unidade Morumbi para poder ativá-la. “Começamos as negociações em meados de 2019. No primeiro semestre de 2020 veio a pandemia e parou tudo. Em outubro, quando havia sinais de que a pandemia estava sob controle cheguei a ir a Curitiba para retomar as negociações, mas logo os casos de Covid começaram a subir novamente e as conversas foram suspensas”, disse Arrais, lembrando que o hospital e o governo haviam pré-agendado a ativação da Unidade para este mês de março.
Marcelo Cripa cita que, em 2019, foi apresentada uma planilha de custos da nova unidade com base nas despesas de 2018. Ano passado, a planilha foi atualizada para R$ 4,2 milhões e agora precisa de uma nova atualização. “Os preços de insumos subiram assustadoramente. Os preços das máscaras, luvas e seringas aumentam muito e a planilha tem que ser refeita”, diz ele.
Os últimos equipamentos e móveis comprados para a Unidade Morumbi, com os R$ 3 milhões economizados na aquisição dos primeiros equipamentos, já estão chegando. “Só não instalamos para não perder prazos de garantia, porque negociamos que estes prazos começariam a ser contados a partir da instalação”, explica Arrais, que faz questão de informar que a unidade não está abandonada. “Já está aqui o nosso almoxarifado, o arquivo médico e o Centro de Oftalmologia”, aponta.
Só após definir o custeio, a direção do hospital vai começar a contratar funcionários para a unidade. Uma empresa para fazer a seleção de pessoal para evitar pressões externas já foi contratada. “A equipe está trabalhando, por enquanto, na produção de regimentos e manuais de ocupação, atualizando o que já existe. Afinal, serão mais 440 funcionários quando a unidade estiver operando em sua capacidade máxima. No total serão mil funcionários. Temos que ter uma boa gestão de RH”, diz o diretor.
REQUISIÇÃO DA PREFEITURA – Arrais também comentou que a Santa Casa está atendendo a requisição administrativa feita pela Prefeitura de Paranavaí de parte da Unidade Morumbi. Está sendo disponibilizado o ambiente onde funcionará a futura UTI da Unidade, camas e equipamentos para instalação de 18 leitos de enfermaria.
“A diretoria aprovou por unanimidade o atendimento ao decreto, sem questionamento. Não há prazo para que as instalações retornem para a gestão da Santa Casa. Entendemos que a prefeitura vai usar as instalações enquanto perdurar esta fase mais aguda da pandemia”, disse Arrais.
Ele explicou que a escolha pelo espaço da UTI para fazer a cessão se baseou nas instalações próximas, como vestiário e copa, que podem dar suporte para a equipe que vai atuar no local.