REINALDO SILVA – reinaldo@diariodonoroeste.com.br
Em 2023, a Vigilância em Saúde de Paranavaí registrou 237 acidentes com escorpiões. Os períodos mais críticos foram de janeiro a março e de agosto a dezembro, e há uma explicação para isso: em épocas de temperaturas mais elevadas, a oferta de alimentos é maior, por isso aparecem com mais frequência.
Os escorpiões são aracnídeos peçonhentos. Contam com um ferrão na ponta da cauda, através do qual injetam o veneno para atacar a presa ou quando se sentem ameaçados.
Têm hábitos noturnos e preferem lugares úmidos e escuros. São animais carnívoros e se alimentam principalmente de insetos, por exemplo, baratas, grilos e cupins ou de aracnídeos, como aranhas e outros escorpiões.
Entre as espécies mais comumente encontradas em Paranavaí e na Região Noroeste do Paraná, a mais perigosa é a Tityus serrulatus, o escorpião amarelo. Seu veneno é altamente tóxico e pode levar a pessoa atacada à morte.
Médica veterinária da Vigilância em Saúde, Roberta Torres Chideroli explica que o primeiro passo ao ser picado por um escorpião é lavar o ponto com água e sabão. Não existe qualquer recomendação no sentido de fazer a sucção do veneno com a boca ou improvisar um torniquete. A orientação é ir o mais rapidamente possível até a Santa Casa de Paranavaí, único local com disponibilidade de soro antiescorpiônico.
O ideal é recolher o animal e levá-lo para o hospital para que o médico veja e avalie a gravidade. Mas todo cuidado é importante: mesmo que o escorpião esteja morto, mantenha distância e não faça contato direto.
A coleta também é importante para fins epidemiológicos, pois a equipe da Vigilância em Saúde consegue identificar a espécie e registrar o acidente, permitindo a atuação mais efetiva no combate ao aracnídeo.
PREVENÇÃO
De acordo com a médica veterinária, não existe veneno comprovadamente eficaz contra o escorpião. Inseticidas não surtem efeito, pois se trata de um aracnídeo e não de um inseto. A melhor forma de evitar acidentes é eliminar sujidades que atraem baratas e retirar os entulhos – tijolos, telhas, madeiras etc. Esses materiais normalmente são escolhidos como abrigos.
Fiscal sanitária da Vigilância em Saúde, Danielle Hoshika Costa informa que caixas de gordura e encanamentos ligados à rede de esgoto também tendem a concentrar escorpiões, em razão da presença de baratas.
Ela faz outro alerta: não são raras as situações em que o aracnídeo entra no guarda-roupa e se esconde em uma peça do vestuário ou em um calçado, sendo necessário, portanto, verificar de forma criteriosa antes de se vestir.
A fiscal sanitária conta que recentemente um homem colocou a bermuda e havia um escorpião dentro dela. Sentindo-se atacado, o animal picou o morador.
Da mesma forma é importante olhar sobre o sofá antes de se sentar e sobre a cama antes de se deitar. Frestas entre a parede e o chão, rachaduras e pontos de energia elétrica também podem servir de esconderijo para os escorpiões, que, apesar da carapaça dura, são bastante flexíveis.
ORIENTAÇÕES
Essas e outras orientações fazem parte do programa de prevenção a acidentes com escorpiões. Sempre que uma pessoa é atacada ou quando há solicitação por parte dos moradores, a equipe da Vigilância em Saúde vai até o local e explica cada ponto sobre os hábitos do aracnídeo.
“O mais importante é não ter mais acidentes. É dolorido, dá medo. A gente não quer que ocorra de novo e faz orientações nesse sentido. Muita gente não tem essas informações todas sobre os abrigos, os hábitos noturnos, as principais espécies. Depois que conversamos, as pessoas acabam ficando mais tranquilas”, garante Roberta Torres Chideroli.
SERVIÇO
Ao identificar um escorpião em casa, é possível solicitar a visita da equipe da Vigilância em Saúde através do contato com a Ouvidoria Municipal, pelo telefone 156.