REINALDO SILVA
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O primeiro semestre de 2024 deve ser marcado pela recuperação de preços da arroba bovina. “Muitas variáveis podem surgir, levando os preços tanto para cima quanto para baixo, mas, no curto prazo, em situações normais, é esperada uma recuperação, agora que já passamos o Carnaval”, projetou Thiago De Marchi, médico veterinário do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab).
Desde setembro do ano passado, o mercado registra estabilidade, com valores oscilando esporadicamente entre R$ 230 e R$ 240, resultado da boa produção de pastagens.
A cotação é feita diariamente pela equipe do escritório regional da Seab em Paranavaí, e o levantamento desta sexta-feira (16) apontou, mais uma vez, R$ 230.
A condição favorável faz com que os abatedouros queiram pagar pouco, devido aos estoques já compostos, e motiva os produtores a aguardar melhores cotações, mantendo os rebanhos a pasto sem grandes custos de suplementação. “Essa soma de fatores cria um cabo de guerra, segurando os preços.”
No Paraná, as altas temperaturas e as chuvas periódicas auxiliam no bom rendimento da pecuária bovina, o que dá maior poder de barganha ao produtor na hora de negociar com os abatedouros.
De acordo com o médico veterinário do Deral, os custos de manutenção dos rebanhos costumam ser altos, mas “hoje o produtor ainda está em uma situação relativamente confortável”.
Exportações – Além da retomada do ritmo de negócios após o Carnaval, De Marchi falou do impacto das vendas de carne bovina brasileira para o exterior e citou a China como grande parceira comercial.
Exportações diminuem oferta de carne bovina no mercado interno
Números da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) revelam que as exportações de carne in natura e processada em 2023 somaram 2,536 milhões de toneladas, volume 8,15% superior ao registrado no ano anterior.
Apesar da variação para cima, a receita total caiu 17,15%, alcançado a marca de US$ 10,845 bilhões. A explicação está na redução dos preços médios praticados nos principais países importadores: na China a queda foi de 25,43% na comparação com 2022.
O médico veterinário do Deral explicou que, independentemente dos resultados, as exportações diminuem a disponibilidade interna de carne bovina e levam os brasileiros a competir com os consumidores de outros países com maior poder de compra. “Isso eleva os preços, ainda que não seja um espelho exato, já que existem demandas específicas. A China, por exemplo, tem demanda por um padrão de qualidade específico.”
Qualidade sanitária – Em agosto de 2020, o Paraná recebeu o reconhecimento nacional de área livre de febre aftosa sem vacinação. O status foi confirmado em nível internacional no ano seguinte pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).
Além do Paraná, compartilham esse título: Acre, Rondônia, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e partes do Amazonas e do Mato Grosso.
Segundo De Marchi, o status de área livre de febre aftosa sem vacinação permite que o Paraná exporte carne de qualidade e segura. “Isso faz com que o ambiente de negócios aqueça, levando a melhores preços para o produtor, maior criação de empregos etc.”
O médico veterinário do Deral avaliou que os produtores paranaenses são os principais responsáveis pela manutenção do status, pois cumpriram todas as etapas das antigas campanhas estaduais de vacinação, o que possibilitou erradicar a doença.
Atualmente, assegurou De Marchi, o sistema de inspeção do Paraná “pode ser citado, sem medo de errar, como um dos melhores do Brasil”. A incumbência é da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), que vem recebendo atenção e investimentos nos últimos anos, de suma importância para manter a agilidade e o alcance do serviço, concluiu.