REINALDO SILVA
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As folhas amareladas e os frutos com má-formação indicam a presença do greening, uma doença bacteriana que afeta pomares e compromete a citricultura. As árvores novas afetadas não chegam a produzir e as adultas em produção definham ao longo do tempo.
O avanço do greening põe em risco uma das principais atividades econômicas de Paranavaí, responsável por aproximadamente 30% do Produto Interno Bruto (PIB) do município. Por isso, o poder público e o setor produtivo se uniram em uma campanha de combate à doença.
De acordo com o secretário de Agricultura, Tarcísio Barbosa, as equipes da Prefeitura de Paranavaí fez um levantamento das propriedades rurais e identificou 142 lotes com plantas cítricas. A estimativa é que 90% das árvores estejam contaminadas.
A avaliação de Barbosa é que a maioria dos proprietários de imóveis com plantações não comerciais de citros está consciente do problema. Nas últimas semanas, as equipes da Prefeitura de Paranavaí erradicaram árvores contaminadas em duas vilas rurais, nos distritos de Mandiocaba e Piracema, sem qualquer dificuldade imposta pelos moradores.
Mas ainda há resistência. Algumas pessoas depositam valor sentimental sobre as plantas e se opõem veementemente ao corte. Gostam de usar o limão colhido direto do pé para temperar alimentos ou preparar bebidas, exemplificou Barbosa.
Plano de ação – O diagnóstico traçado pelos técnicos municipais será encaminhado para a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), responsável pela elaboração do plano de enfrentamento ao greening.
Órgão com atribuições fiscalizatórias, a Adapar poderá exigir o corte das plantas doentes, previsto nas legislações estadual e federal. Diante da recusa do proprietário, caberá a aplicação de multa.
A expectativa do secretário municipal de Agricultura é que o plano de ação seja concluído ainda este mês. “Temos que sanar esse problema o mais rápido possível.”
Economia – Barbosa chamou a atenção para o aspecto econômico. Só em Paranavaí, a citricultura gera aproximadamente 4.000 empregos diretos. A redução da área plantada – hoje, 7.000 hectares – e da produção teria impacto direto sobre essas famílias.
Por outro lado, as medidas rápidas de controle colocam em evidência a organização do setor e mostram que Paranavaí tem condições para o crescimento da citricultura. “Ações eficazes vão atrair novos investidores e mostrar que nossa região é confiável.”
O secretário de Agricultura lembrou que em São Paulo, estado com importante produção cítrica, o greening tem causado perdas nos pomares. O objetivo é evitar que isso também ocorra no Noroeste do Paraná, o que torna essencial a participação dos demais municípios. Todos precisam adotar medidas de combate à doença, alertou Barbosa.
Mobilização – A preocupação com o greening provocou uma grande mobilização de lideranças do setor produtivo, profissionais técnicos e agentes políticos de Paranavaí. No dia 13 de junho, o prefeito Carlos Henrique Rossato Gomes (Delegado KIQ) convidou profissionais da imprensa e promoveu entrevista coletiva.
Na ocasião a engenheira agrônoma Marlene Calzavara, especialista na cultura de laranja, disse que a doença alcançou 15% dos pomares de Paranavaí, crescimento expressivo na comparação com dois anos atrás, quando apenas 5% das árvores estavam contaminadas.
Durante a entrevista coletiva, o prefeito KIQ disse que estudaria a possibilidade de atualizar a lei municipal que proíbe o plantio, o comércio, o transporte e a produção de murtas, plantas que atraem o inseto transmissor. O texto é de 2007, ano de intensa campanha para evitar o avanço do greening.
Também conhecido como huanglongbing ou HLB, o greening ataca todos os tipos de citros e não há cura para as plantas doentes. A única solução para acabar com o problema é a erradicação.