Em entrevista ao Diário do Noroeste, o titular da Seab falou sobre o desempenho do estado em atividades estratégicas, como a citricultura e a pecuária de corte
REINALDO SILVA
Da Redação
O Brasil tem pouco mais de 213 milhões de habitantes, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas fornece alimentos para 1,5 bilhão de pessoas. Isso é o resultado da abertura de mercados externos para comercializar o que é produzido em território nacional. O Paraná tem lugar de destaque nesse cenário, como afirmou o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Marcio Nunes: “O que estamos exportando para o mundo hoje? Sustentabilidade”.
A declaração foi dada ao Diário do Noroeste em entrevista exclusiva na noite de quinta-feira (25), quando Nunes esteve em Paranavaí e se reuniu com prefeitos, vereadores e outras lideranças de municípios de toda a região.
A sustentabilidade proclamada pelo secretário passa pelo aprimoramento das práticas de produção agropecuária, de modo a ampliar os resultados sem comprometer os recursos naturais, realidade do Paraná, disse.
Mesmo com o entrave comercial entre Brasil e Estados Unidos o cenário é de estabilidade. A sobretaxação imposta pelo presidente Donald Trump a uma série de produtos brasileiros afetou diretamente o mercado da carne bovina, grande pilar da economia paranaense, mas a avaliação de Nunes é que outras portas se abriram.

Foto: Ivan Fuquini
Explicou o ponto de vista: “Nossa carne tem dificuldade de entrar nos Estados Unidos, então os Estados Unidos têm que exportar menos, porque, senão, haveria desabastecimento interno. Então, nossa carne acaba indo abastecer o mercado que os Estados Unidos não estão abastecendo mais”. O ciclo dos alimentos, reforçou o secretário, “está muito estabilizado, tem muita gente comendo”.
Nunes também falou sobre a laranja, outra cultura essencial para o Paraná, especificamente para a Região Noroeste, a maior produtora estadual. “A laranja não foi sobretaxada [pelos Estados Unidos], porque falta suco de laranja no mundo”, efeito, dentre outros fatores, do avanço do greening, doença que compromete a sanidade dos pomares.
Desde 2023, a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), em parceria com outros órgãos públicos, as prefeituras e o setor privado, tem atuado no sentido de reduzir o alcance do greening e, assim, preservar a citricultura.
Na opinião do secretário, apesar das dificuldades, não há dúvidas de que a agropecuária paranaense vive um dos melhores momentos da história.
“Veio a gripe aviária, veio o tarifaço do Trump, veio o greening, mas o Paraná, nesse último semestre, com tudo isso acontecendo, foi o estado que mais cresceu na agropecuária do Brasil, 13,5% quando você compara os mesmos períodos do ano passado.” E voltou ao exemplo da carne bovina: “A exportação explodiu. Ontem [quarta-feira], a União Europeia voltou a comprar carne do Brasil”.
Investimentos rurais – A passagem do secretário Marcio Nunes por Paranavaí marcou a celebração de convênios com todos os municípios do Noroeste do Paraná, cada um recebendo R$ 3,7 milhões para a aquisição de maquinários da linha amarela, assim chamados, por exemplo, tratores de esteira, retroescavadeiras, escavadeiras hidráulicas e caminhões. O total passa de R$ 100 milhões.

Foto: Ivan Fuquini
A “próxima luta”, garantiu ele, será pela pavimentação das estradas rurais. Pelas contas do secretário, na última década, o Paraná cobriu, em média 100 quilômetros por ano. A proposta agora é superar, e muito, esse valor, chegando a 3.000 quilômetros em um ano. “Queremos fazer entre 300 e 400 obras.”
O alerta aos prefeitos foi direto: “Tenham a preocupação de enviar os projetos”. Sem essa etapa, os investimentos não são possíveis. A estrutura da Seab, assegurou o secretário, está à disposição das prefeituras para prestar a assistência necessária.