*Felipe Nunes e Milena Silva
Todos nós sabemos que, ao ler um livro, vamos a fundo, mergulhamos de cabeça no tema e isso nos faz refletir sobre diversos assuntos. Que tal usar essa ferramenta também para pensar sobre os direitos das crianças e adolescentes? Nesse texto, nós fizemos uma seleção de seis livros importantíssimos para conhecer e conversar sobre a garantia de direitos, especialmente durante a infância e adolescência.
Tire aquele tempinho para sentar e ler e não se esqueça de compartilhar com amigos e familiares. Afinal, conhecimento bom é conhecimento compartilhado!
Pela liberdade: a história do habeas corpus coletivo para mães e crianças – O livro conta como foi o processo do primeiro habeas corpus coletivo concedido pela justiça brasileira. Em fevereiro de 2018, o Supremo Tribunal Federal, reconhecendo o direito previsto no Marco Legal da Primeira infância, concedeu a adolescentes e mulheres gestantes ou mães, em privação provisória de liberdade, a possibilidade de aguardar o julgamento em regime domiciliar.
A publicação traz a história de Palloma Carolina, mãe de Otto e Giulio, que passou parte da gestação encarcerada, e textos das organizações que participaram do processo.
“Para as crianças, trata-se de risco à vida e obstáculo ao desenvolvimento saudável, pela sujeição a um ambiente inadequado, pela privação do acesso à saúde e ao convívio familiar”
“Eu sei porque o pássaro canta na gaiola” – O livro conta a história da autora, com lembranças de uma infância e adolescência marcadas pelo racismo, abuso sexual, trabalho infantil e gravidez na adolescência. Ao ler a obra, podemos pensar sobre as consequências da violação de direitos tão fundamentais na vida de uma criança que, com muita luta, conseguiu a liberdade por meio da literatura.
“Era horrível ser negra e não ter controle sobre a minha vida. Era brutal ser jovem e já estar treinada para ficar sentada em silêncio ouvindo as acusações feitas contra minha cor sem chance de defesa”
Primeira Infância no Sistema de Garantia de Direitos – O livro reúne textos de especialistas sobre a importância de investimento e cuidado no período da primeira infância. Também são detalhados alguns projetos inspiradores, realizados durante o projeto “Primeira Infância no estado de São Paulo”, iniciativa do Tribunal de Justiça de São Paulo em parceria com a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal e Instituto Alana.
“Quanto mais problemática e injusta é a sociedade, mais as condições da infância estão ameaçadas”, Vera Iaconelli
O olho mais azul, Toni Morrison – Ao ler esse livro, podemos pensar sobre como o racismo, os padrões estéticos, a pobreza e a violência afetam a vida das crianças negras e sobre a violência obstétrica a que a mulheres negras são submetidas .
“Me puseram num quarto grande, com um bando de mulher. As dor tava vindo, mas não muito forte (…) Quando chegou a minha vez, ele disse que com essas mulher vocês não tem problema algum. Elas dão à luz logo e sem dor. Exatamente como as égua”.
Criança e Consumo – Toda criança tem direito de crescer em ambientes saudáveis, livres de publicidade infantil e de incentivos ao consumismo. Com textos de Frei Betto, Ladislau Dowbor, Clóvis de Barros, Marcelo Sodré e outros, o livro, debate essas questões da defesa dos direitos de crianças e adolescentes, especialmente frente à comunicação mercadológica.
“Desigualdades e tensões refletem-se na estrutura das cidades, na organização do cotidiano, na ausência de convívio em espaços públicos, nos horários inverossímeis das periferias, na violência latente e na perda de direito à cidade por parte das crianças”, Ladislau Dowbor
“O paraíso são os outros” – O livro traz uma investigação sobre o amor e as relações pelos olhos de uma menina. Ao ler, é inevitável pensar sobre a importância da convivência familiar e comunitária para o desenvolvimento humano, afinal, é partir das relações que observa e das ligações que constrói – com a comunidade a que pertence e com sua família – que a personagem aprende o que é amor e respeito.
“Já aprendi. O amor é um sentimento que não obedece nem se garante. Precisa de sorte e, depois, de empenho. Precisa de respeito. Respeito é saber deixar que todos tenham vez. Ninguém pode ser esquecido”
*Milena (18) e Felipe (17) são jovens aprendizes da equipe do Prioridade Absoluta
(Extraído de prioridadeabsoluta.org.br)