A dengue, doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, ainda é um sério problema de saúde pública em várias regiões do mundo, incluindo o Brasil. Em 2023, a maioria dos casos – mais de 2,6 milhões- foi registrada no Cone Sul, sendo o Brasil responsável por 80% deles, de acordo com dados da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), taxas superiores a 300 casos por 100 mil habitantes indicam uma situação epidêmica. No Brasil, até o início de setembro, foram notificados 1.530.940 casos de dengue, resultando em uma taxa de incidência de 753,9 casos por 100 mil habitantes, o que acende um alerta.
“Em 2022, o Centro de Estudos e Pesquisas ‘Dr. João Amorim’ (CEJAM) notificou cerca de 2.352 casos de dengue, que foram atendidos em unidades de saúde pública sob sua gestão. Em 2023, até o momento, já são 2.015 casos, atingindo 85% dos casos diagnosticados no ano passado”, afirma Bruno Saito, gestor ambiental do Programa Ambientes Verdes e Saudáveis (PAVS) da organização, criado pela Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo e incorporado ao CEJAM em 2015.
Diante desse número elevado de casos, o PAVS segue realizando projetos que favorecem a educação ambiental, promoção de saúde e prevenção de doenças. Todo o trabalho é feito com o apoio de biólogos e gestores ambientais, que estabelecem parcerias com concessionárias de limpeza, providenciando a higienização de áreas públicas.
Além disso, seguem com ações de conscientização com a população. “Atuamos, especialmente, por meio de visitas domiciliares realizadas pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), em parceria com os Agentes de Promoção Ambiental (APA). Eles realizam mutirões de casa a casa, com apoio de equipe técnica composta por auxiliares de enfermagem e enfermeiros, além de atividades educativas em escolas e outros espaços comunitários”, ressalta Bruno.
O objetivo central é colaborar ativamente com a vigilância epidemiológica ambiental, apoiando para a compreensão da limpeza das casas e locais ao redor, eliminando qualquer tipo de água parada. “Reforçamos a importância de prestar a atenção se há água parada em casa. Geralmente, elas se acumulam em vasos, sacolas plásticas ou qualquer outro recipiente no jardim, laje ou quintal”, explica o profissional.
Dicas para evitar o mosquito
Normalmente, a dengue apresenta quatro tipos diferentes de vírus, tendo como principais sintomas febre alta, dor de cabeça e atrás dos olhos, perda de apetite, cansaço e manchas vermelhas pelo corpo. Em casos mais graves, também pode causar sintomas como dor abdominal intensa e contínua, vômitos persistentes e sangramento de mucosas.
Para evitar esse transtorno, o gestor ambiental dá algumas dicas que são essenciais para a não proliferação do mosquito. Confira:
- Remoção de criadouros de mosquitos em redor da sua casa: A dica clássica que faz toda a diferença, se levada em consideração. O primeiro passo para prevenir a dengue é eliminar os criadouros do mosquito. Para isso, certifique-se de que não haja recipientes, como baldes, garrafas ou pneus velhos, acumulando água em seu quintal.
- Cubra reservatórios de água, fossas e mantenha as piscinas tratadas: Reservatórios de água abertos, fossas e piscinas não tratadas são lugares perfeitos para a reprodução do mosquito. Por isso, certifique-se de manter esses locais cobertos ou adequadamente tratados.
- Mantenha as calhas e caleiras limpas e desentupidas: Calhas entupidas podem acumular água parada, tornando-se um criadouro ideal para os mosquitos. Assim, o profissional orienta que a limpeza seja feita regularmente para evitar esse problema.
- Vire para baixo recipientes ou pequenos objetos que possam acumular água ou remova-os se não forem necessários: Mesmo pequenos objetos, como tampas de garrafas e pratos, podem acumular água e se tornarem criadouros. O ideal é virá-los para baixo ou eliminá-los, se não forem necessários.
- Coloque areia fina nos pratos de vasos ou jarras, ou retire-os para evitar a acumulação de água: Outra dica clássica, mas essencial. Vasos e jarras de flores podem conter água parada, por isso, coloque sempre uma camada de areia fina no fundo dos pratos ou, se possível, retire-os quando não estiverem em uso.
- Mude a água dos vasos e jarras de flores uma vez por semana: Se você tiver vasos de plantas em sua casa, não esqueça de trocar a água pelo menos uma vez por semana. Isso evitará que o mosquito deposite seus ovos na água parada.
- Mantenha a relva curta: Sim, os mosquitos podem se esconder na vegetação alta. Por isso, manter a grama do seu jardim curta pode ajudar a reduzir essas chances.
Como dica extra, Bruno ressalta ainda que muitas pessoas tendem a esquecer de realizar a manutenção da caixa d’água, que também pode ser foco do mosquito. “A nossa caixa de água merece toda a atenção. Ela deve ser limpa periodicamente e sua tampa deve sempre estar bem ajustada. Essa prática faz toda a diferença, evitando que o local se torne um criadouro”, finaliza.