Setor foi responsável por 67% do total de vagas na indústria, com 1.088 contratações (Fotos: Gelson Bampi)
A animação com o fim de ano e a Copa do Mundo resultou em novas oportunidades formais de empregos (com carteira assinada) na indústria do Paraná, especialmente no setor de alimentos. Com o objetivo de garantir o abastecimento do comércio para esse período de maior consumo, o segmento teve de contratar mais profissionais para dar conta da demanda. Em outubro, a indústria abriu 1.634 novas vagas no Paraná e o segmento foi responsável por quase 67% deste total, com 1.088 contratações. O estado foi o quarto que mais criou vagas de trabalho na indústria no país, atrás apenas de São Paulo, Pernambuco e Rio de Janeiro.
Mesmo com resultados positivos, as áreas que mais criaram vagas em outubro foram serviços (4.736) e comércio (3.092). No total, o estado registrou a criação de 10,5 mil novos postos de trabalho. Os dados foram divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério da Economia (Novo Caged). Segundo o órgão, das 24 atividades industriais avaliadas no Paraná, 15 tiveram bons resultados. Além de alimentos, também houve contratações no setor de celulose e papel (276), máquinas e equipamentos (216), fabricação de produtos de metal e de produtos diversos (186) e confecções e artigos do vestuário (177). Os que mais demitiram foram madeira (-641), máquinas a aparelhos e materiais elétricos (-88), couro (-46), moveleiro (-35) e informática (-20).
Embora os resultados confirmem a criação de novas oportunidades, a indústria estadual vem de um movimento de desaceleração. Em outubro último, contratou menos da metade do total de profissionais que havia admitido no mesmo mês do ano passado, quando foram selecionados 3.697 trabalhadores, 56,0% a mais do que agora. É o mesmo movimento da indústria nacional, que agora também reduziu as vagas em 42% frente ao mesmo mês de 2021.
Mesmo num ritmo mais lento, o saldo de empregos no setor é positivo e mostra que novas oportunidades continuam sendo abertas.
No ano, o segmento alimentício também lidera as contratações, com 27% do saldo de novas vagas da indústria de transformação paranaense. São 7.393 novos postos abertos, seguido por confecções e artigos do vestuário (3.041), máquinas e equipamentos (2.485), fabricação de produtos de metal (2.475) e automotivo (2.207). Das 24 atividades, só três estão abaixo do esperado no ano, ou seja, mais demitiram do que contrataram. Madeira (-804), moveleiro (-537) e fumo (-62). A indústria paranaense é a quinta que mais criou oportunidades de trabalho, foram 27.709 no total, atrás de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A redução frente ao mesmo intervalo de 2021, quando chegou a abrir 48.854 novos postos de trabalho, é de 43%. A indústria nacional sofre o mesmo movimento. A aberturas de novas vagas no setor diminuiu 31%, de janeiro a outubro deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado.
Para o economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Evânio Felippe, mesmo num ritmo mais lento, o saldo de empregos no setor é positivo e mostra que novas oportunidades continuam sendo abertas, segundo dados do mercado de trabalho divulgados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). “A taxa de desemprego vem caindo e mostra que mais pessoas estão tendo renda no país, seja no mercado formal ou informal”, explica. “Esse cenário tende a melhorar o consumo das famílias e aumentar a produção nas indústrias para atender à demanda que vem sendo gerada”, exemplifica.
Com aumento do consumo, segundo Felippe, a indústria tende a interpretar esse movimento como um estímulo para aumentar a produção nas fábricas e assim novas oportunidades de trabalho podem ser abertas nos próximos meses. Segundo o economista, o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) esta semana apontou que, na ótica da demanda, o consumo das famílias foi o que mais pesou no crescimento do PIB. “Este movimento anima o setor produtivo, que aguarda as definições de ordem política e econômica para decidir como estes indicadores podem impactar o mercado e os negócios”, conclui.