O Natal, como celebração, é um mosaico: mistura de tradições cristãs, festivais pagãos de inverno, costumes folclóricos e inovações modernas. Vários dos símbolos que hoje associamos à data têm origens que remontam à antiguidade e foram reinterpretados ao longo dos séculos.
A árvore de Natal simboliza vida perene, esperança e renovação. Antes de ser cristianizado, o uso de ramos verdes no inverno era comum em muitas culturas ao redor do mundo, como símbolo da natureza que persiste apesar do frio, da escuridão e da morte aparente.
Na Europa medieval, surgiu o costume de árvores “do paraíso”, decoradas com maçãs (que evocavam o fruto da queda de Adão) e hóstias, em peças teatrais ou celebrações de Natal. Com o tempo, essa tradição inspirou o uso de árvores dentro de casa, decoradas com velas, ornamentos, frutos, e elementos que remetiam à luz, associada a Jesus como “luz do mundo”.
A tradição se consolidou na Alemanha dos séculos XV e XVI, e da Alemanha alcançou o resto da Europa e, mais tarde, as américas. Foi tornada popular no mundo anglo-saxão também através da corte britânica: por exemplo, com a Rainha Victoria e o Príncipe Albert, cujas árvores decoradas chamaram atenção pública no século XIX).
O PRESÉPIO
Reencontro com a origem humilde
O presépio evoca diretamente a história cristã do nascimento de Jesus em Belém. Ele tem uma origem formal ligada a S. Francisco de Assis, que, em 1223, organizou em Greccio (Itália) uma encenação da Natividade, com animais vivos, para tornar mais palpáveis os elementos originais do Evangelho.
Antes disso, já existiam representações artísticas cristãs de Jesus recém-nascido, entre paisagens, figuras de Maria, José, animais, pastores e magos em mosaicos, afrescos e sarcófagos.
O simbolismo do presépio vai além do momento do nascimento: inclui o contraste entre humildade e glória, a presença de figuras marginalizadas (pastores, animais), o anúncio aos simples, etc. Ele funciona como lembrança da simplicidade do cristianismo e da vinda de Deus “entre os homens”.
Papai Noel: generosidade
O personagem hoje conhecido como Papai Noel, Santa Claus, São Nicolau, Sinterklaas etc., tem raízes em São Nicolau de Mira, bispo do século IV, na região da Lícia (atual Turquia). Ele era conhecido por sua generosidade, especialmente para com as crianças e os pobres.
A transformação de São Nicolau em Papai Noel envolveu múltiplas camadas: a tradição holandesa de “Sinterklaas”, que já incluía a entrega de presentes, chegou às américas com imigrantes; no século XIX, poemas, literatura e ilustrações foram amplificando sua lenda. O poema “A Visit from St. Nicholas” (1823) de Clement Clarke Moore, por exemplo, ajudou a fixar características como o trenó, as renas, o cair pela chaminé.
Já a imagem visual moderna de Papai Noel, corpulento, vestido de vermelho com guarnições de pele branca, foi cristalizada por artistas como Thomas Nast nos EUA, e depois por campanhas publicitárias como as da Coca-Cola, nas décadas de 1930.
O simbolismo de Papai Noel envolve mais que o ato de dar presentes: ele representa bondade, solidariedade, alegria infantil, esperança, magia do Natal. Ele também funciona como mediador entre o mundo adulto (regras, tempo, obrigações) e o mundo da infância, da fantasia.



