Nos dias de hoje fala-se muito sobre a transformação de clubes em SAFs – Sociedade Anônima do Futebol, garantida pela Lei – 14.193/2021. Mas, será que todos os clubes realmente necessitam se transformar em uma SAF?
Recentemente, estudo do consultor financeiro Cesar Grafietti demonstrou possibilidade de prazos para que os clubes pudessem quitar suas dívidas. Uma das situações mais confortáveis é a do Flamengo, que se disponibilizasse apenas 20% da média de receita dos últimos 4 anos quitaria sua dívida em apenas um ano e meio.
Por outro lado, os clubes de Minas Gerais levariam em média nas mesmas condições, aproximadamente 20 anos para quitar as dívidas, sendo 20,9 anos o Atletico e 19,9 anos o Cruzeiro. Chama a atenção clubes que recentemente se tornaram SAFs como o próprio Cruzeiro, e os dois cariocas: Botafogo (18,8 anos) e Vasco (17,5 anos) para quitação das dívidas.
O Flamengo não é o único que liquidaria sua dívida em menos de dois anos nestas condições. Também são os casos de Fortaleza (1,8 anos), Goiás (1,2 anos), Atlético-GO (0,8 anos) e Cuiabá (0,2 anos). Corinthians com (9,4 anos), São Paulo (6,9 anos), Santos (6,9 anos), Fluminense (10,3 anos), Internacional (7,3 anos) e Grêmio (3,7 anos) completam a lista de grandes clubes devedores, lembrando que no caso do Corinthians não está computado a dívida com a Néo Química Arena (estádio).
Para se ter ideia da importância das práticas de boa gestão e governança, Flamengo e Palmeiras, que fizeram o dever de casa no passado hoje navegam em mares mais calmos. O Palmeiras, muito embora tenha reduzido sua receita (por conta dos resultados de campo, pois em 2021 disputou duas finais de Libertadores no mesmo ano), também diminuiu suas despesas, além de ter pago despesas financeiras (parcelamentos fiscais), reduzindo dívidas com credores em especial com a patrocinadora “Crefisa”.
Já o Flamengo aumentou sua receita e bateu valores acima de 1 bilhão pelo segundo ano consecutivo (2021 e 2022), recebeu valores de parcelamento da venda de atletas, o que possibilitou elevado montante de investimentos em aquisição de atletas profissionais, com baixa necessidade de financiamentos. O clube ainda encerrou o ano com R$ 213.306.000,00 em caixa, ou seja, aumentou as receitas, manteve custos e despesas controladas, investiu, pagou dívida e ainda sobrou dinheiro em caixa, o que aponta para se tornar uma potência em médio prazo se não fizer loucuras novamente.
*Rafael Octaviano de Souza é secretário de Esportes de Paranavaí