IGOR MATEUS LIMA / Da Redação
A Sociedade Civil Organizada do Paraná (Socipar) apresentou os números da recontagem do fluxo de veículos na BR-376, entre Paranavaí e Nova Londrina. O fluxo foi de 23.351 eixos entre os dias 10 e 16 de setembro de 2023, ou seja, resultado que demonstra um aumento de 98,3% em relação aos dados obtidos em 2019, quando foram computados 11.770 pela ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres.
A recontagem realizada pela empresa Perplan – Engenharia e Planejamento (credenciada ao Ministério dos Transportes) foi apresentada nesta sexta-feira (10) no auditório da Cooperativa de Crédito Sicredi Dexis em Maringá. Deputados estaduais do Paraná e do Mato Grosso do Sul estiveram presentes, além de lideranças regionais que fizeram apelo aos governos federal e estadual para recolocar o trecho nas obras de duplicação.
O resultado da nova pesquisa apresenta números próximos ao estudo realizado pela mesma empresa em fevereiro de 2023. Naquela ocasião foram computados 23.368 eixos (7.868 veículos), contudo, o resultado não foi considerado pela Empresa de Planejamento e Logística – EPL (empresa que realizou os estudos para a concessão das rodovias paranaenses), alegando que o mês de fevereiro teria mais fluxo por conta do período de Carnaval.
A pesquisa de agora rechaça por completo a tese criada pela EPL. Além disso, a Polícia Rodoviária Federal – PRF – esteve presente no evento e apresentou dados preocupantes relacionados a quantidade de acidentes e mortes no trecho.
ACIDENTES E MORTES
O superintende chefe regional da PRF, Pedro Faria, apresentou o levantamento de acidentes ocorridos na BR-376, do km 38 até o km 103 (de Paranavaí a Nova Londrina), entre a data de 1º de janeiro de 2022 e 31 de outubro de 2023.
Foram 109 acidentes que envolveram: 60 automóveis, 31 caminhões, 13 motocicletas, quatro pedestres/animais e um ônibus.
Desse total, 27 acidentes foram graves com 15 mortes registradas. O superintendente ainda ressaltou que o número de mortes é maior, pois, nestes dados, a PRF contabilizou apenas as vítimas fatais no local do acidente, excluindo as que foram a óbito no hospital.
Por fim, outro dado da PRF mostra que a maioria dos acidentes graves aconteceram nos trevos de acesso a Guairaçá e Loanda.
“Sem Duplicação, Pedágio Não”
Essa frase faz parte da mais nova campanha promovida pela Socipar. O prefeito de Nova Londrina e presidente da Amunpar (Associação dos Municípios do Noroeste Paranaense), Otávio Grendene Bono (Vico), declarou que a expectativa é que os governos federal e estadual se sensibilizem com o resultado e revertam a decisão de não contemplar a região.
“São números alarmantes. Existem regiões no Paraná que foram contempladas, mesmo com tráfego de veículos menor que a BR-376. Por quê? Essa é uma pergunta pertinente. Precisamos mudar esse cenário o quanto antes. A Região Noroeste não pode, em hipótese alguma, ser esquecida pelos governos”, declarou.
O presidente da Socipar, Demerval Silvestre, ressaltou que o estudo elaborado trás informações técnicas de uma empresa com credibilidade. Para ele, o resultado da pesquisa sustenta a obra que traria segurança para os condutores e desenvolvimento da região com o escoamento das safras para o Porto Seco de Maringá e Porto de Paranaguá.
“Queremos a duplicação, pois pagaremos essa conta”, diz Edilson Avelar
O advogado e membro da Socipar, Edilson Avelar, se emocionou ao discursar para a plateia. “Não aceitamos mais trafegar em pista simples e, ainda por cima, com cobrança de pedágio. Já fizemos isso durante 25 anos e pagamos 3 vezes mais do que deveríamos pagar. Esse é o clamor da sociedade e de todos os prefeitos, vereadores e lideranças do Paraná. O governo não precisa tirar dinheiro de outro setor para fazer a obra, pois somos nós que vamos pagar”, comentou.
“Da forma como está, serão 30 anos sem perspectiva de duplicação na BR-376. Isso é inadmissível”, declara deputado Romanelli
O deputado do Paraná Luiz Claudio Romanelli (PSD) disse ser um “grave erro de concepção” por parte da EPL de não incluir o trecho no projeto de duplicação. “Além deles não incluírem a duplicação no projeto de concessão das rodovias do Paraná, também existe a ausência do projeto da ponte do Rio Paraná. Insistem naquele mesmo roteiro velho passando por Itaúna do Sul e Diamante do Norte, utilizando a ponte de serviço da hidrelétrica de Rosana, em São Paulo. E tem mais: querem colocar uma praça de pedágio em Guairaçá. Da forma como está no projeto, serão 30 anos sem perspectiva alguma de duplicação na região. É inadmissível. Não podemos aceitar. O lote 4 precisa ser contemplado e vamos lutar para isso”, enfatizou.
O projeto de concessão das rodovias do Paraná apresentado foi dividido em seis lotes. O trecho em questão faz parte do lote 4, como mencionado pelo deputado.
Estudantes
O professor Daniel Lima, do Grupo Unifatecie, demonstrou, por meio de um vídeo enviado aos participantes, dados relacionados aos estudantes que frequentam o ensino superior em Paranavaí. Isso contempla a Unifatecie, a Universidade Paranaense – UNIPAR, a Unespar e o Instituto Federal do Paraná – IFPR.
De acordo com os dados de julho de 2023:
1º – Unifatecie possui 3.079 alunos, sendo 1.149 de Paranavaí (37,32%) e 1.930 de fora, o que corresponde por 62,68%.
2º – Unespar possui 1.744 alunos, sendo 943 de Paranavaí (54,07%) e 801 de fora, o que corresponde 45,93%.
3º – Unipar possui 1.609 alunos, sendo 837 de Paranavaí (52,02%) e 772 de fora, o que corresponde por 47,98%.
4º – IFPR possui 1.235 alunos, sendo 820 de Paranavaí (66,40%) e 415 de fora, o que corresponde a 33,60%.
A preocupação, segundo o professor, é referente ao aumento do número de estudantes que não moram em Paranavaí, pois, consequentemente, pegam a rodovia no período das 17h às 19h (caminho de ida) e das 23h às 1h (caminho de volta).
Região em pleno desenvolvimento – Ao final da apresentação, Marcelo Liberati – diretor da empresa Euro Condomínios mostrou números que comprovam que a região do Noroeste é uma das que mais crescem no Paraná.
A locomotiva do desenvolvimento é puxada pelo turismo nas praias de água doce na região. Um exemplo usado foi o crescimento imobiliário na cidade de Porto Rico e no Porto São José – distrito de São Pedro do Paraná.
Existem mais de 1.500 residências de alto padrão em condomínios na região. Para os próximos anos serão mais de 2.800 novos empreendimentos. O crescimento projetado, de acordo com ele, é de mais de 3 mil empregos diretos e indiretos em obras residenciais e outros mil novos empregos para obras nos condomínios.
O crescimento médio anual de novas instalações elétricas é de 15%. “Esse último dado também revela a necessidade de uma nova subestação da Copel para atender a região”, disse.
Conclusões do estudo
O Sistema Fiep utilizou o estudo realizado para definir as conclusões do projeto. Segundo o superintendente João Arthur Mohr as conclusões foram:
1 – A Praça de Guairaçá tem colume de veículos maior do que várias praças que serão duplicadas;
2 – A contagem de veículos realizada em fev/2022 e em novem/2023 indica duplicação do trecho;
3 – O crescimento exponencial do volume de veículos está aliado ao crescimento do:
– Agronegócio no Noroeste do Paraná e em especial no Mato Grosso do Sul;
– Turismo na região do Rio Paraná dispara picos de movimento aos finais de semana;
– Mudança no perfil de viagens pós-pandemia (turismo regional familiar).
4 – Ministério do Transporte deve incluir este trecho no 1º ciclo de obras como duplicação:
– Trecho de fácil execução da obra;
– Pequeno impacto na tarifa do lote 4 (estima-se menos que 3%).
5 – Possível futura ponte entre o PR e MS na região irá atrair maior movimento de cargas.