Aleksa Marques / Da Redação
Ele não é mágico, mas transforma suco em sorvete em menos de um minuto. Ele não é álbum de fotos, mas traz ótimas lembranças às pessoas. Ele só tem dois sobrinhos, mas é chamado de “tio do sorvete” por todas as crianças.
Ricardo Cristiano Barbosa tem 48 anos. Nascido em Paranavaí, morou um tempo no Japão e voltou a sua cidade natal após o falecimento de seu pai, em 2015. Enquanto morava fora, ele comprou a máquina de sorvete americano, mas ela ficou esquecida por mais de um ano.
Quando as contas apertaram, ele começou a produzir. Ficou um bom tempo errando a receita, fazendo sorvete mole, quase jogando tudo na fora e chutando literalmente o balde, até conseguir chegar no ponto perfeito.
“Hoje eu tenho as proporções corretas da quantidade de água, gelatina neutra, o açúcar e a essência ou o próprio suco natural. Mas até eu chegar nesse ponto, eu penei”, brinca Ricardo que faz sorvete americano há quase seis anos e não revela seu segredo de sorveteiro para ninguém.
Ele começou a vender em frente a sua própria casa e hoje está na esquina da praça da Paróquia Nossa Senhora de Fátima no distrito de Sumaré. Além da venda do doce, ele trabalha como entregador de comida japonesa na parte da noite para complementar a renda. Além disso, é contratado em festas infantis, formaturas e casamentos, para fazer a alegria dos convidados.
Casado e pai de um menino de 13 anos, sempre inventa sabores novos para agradar os clientes assíduos, pois sua família já enjoou. “Tem sabor caipirinha para os adultos, tem de vinho, com sabor de Yakult e os tradicionais que não podem faltar: limão, menta, morango, uva e céu azul.” O mais pedido? Uva. O favorito do Ricardo? Abacaxi. “Mas o de banana eu acho o mais saboroso, fica igual a um creme”, completou.
NOSTALGIA – Ricardo comenta ainda que tem clientes de todos os tipos: novo, velho, de perto, de longe, com maior e menor poder aquisitivo. Mas todos eles têm uma característica em comum: as lembranças trazidas pelo sorvete americano.
“Todo mundo que vem aqui e compartilha uma história. A grande maioria vem para relembrar os tempos de escola, de quando ia na casa da vó, quando vinham do sítio para a cidade. É o verdadeiro sabor da infância”, disse.
Gustavo Caldani, empresário de Apucarana, concorda. “Venho todo mês fazer entregas aqui no supermercado e tomo um sorvete. Lembro da casa da minha avó, pois na esquina tinha um carrinho desse e todos os netos comiam. A gente era tão espoleta que o sorveteiro tinha que deixar a gente fazer nosso próprio sorvete”, lembrou. “É uma verdadeira nostalgia”, finalizou Gustavo enquanto segurava seu copinho.
E não somente ele, mas todas as pessoas que passaram por ali durante a entrevista para o Diário do Noroeste, comentaram a mesma coisa: das lembranças do passado. Seja para compartilhar histórias, relembrar momentos ou simplesmente se refrescar: Ricardo estará ali, todo ouvidos e pronto para lhe atender.
“Até quando vou fazer sorvete americano? Até quando eu conseguir. Isso é minha alegria, as pessoas me agradecem e me reconhecem pelo meu sorvete e por quem eu sou. Eu amo tudo isso. Não vou parar nunca”, finalizou enquanto preparava mais uma casquinha.
Ficou com vontade? O Ricardo trabalha todos os dias, de segunda a segunda, das 11h30 às 19h. Só não nos dias de chuva ou muito frio, nestes ele descansa e deixa tudo preparado para continuar o legado do sorvete americano em nossas vidas.
Todas as fotos são do fotógrafo Ivan Fuquini