CRISTIANE GERCINA
DA FOLHAPRESS
Mesmo com a alta acumulada de 18% no preço do cacau em 2024 – maior aumento entre as commodities – o setor de supermercados espera vender entre 8% e 12% a mais na Páscoa deste ano em comparação com 2024, segundo projeções da Abras (Associação Brasileira de Supermercados).
A data é considerada o segundo Natal das redes supermercadistas, com comércio maior de ovos de chocolate, bacalhau e azeite, e deve compensar as perdas do setor em fevereiro, quando houve recuo de 4,5% no consumo.
“A projeção se apoia no emprego e renda e nas estratégias do varejo como ambientação das lojas, parcerias com a indústria, as marcas próprias e as vendas por canais digitais”, afirma Marcio Milan, vice-presidente da Abras (Associação Brasileira dos Supermercados).
Segundo ele, a alta do dólar é um fator que ainda trará impactos, especialmente em massas e azeites, mesmo com a queda consecutiva do dólar nos últimos dias. O motivo é que os estoques ainda existem e os preços só devem ser normalizar após novos estoques.
As compras devem se concentrar na última semana. A expectativa é de alta de 20% nos movimentos nos supermercados no sábado anterior. “Expectativa é que as compras se concentrem na última semana, e o abastecimento dos lares, até em função das ofertas, vai se concentrar no sábado antes do feriado”, diz.
A Abras diz que entre os principais fatores dessa expansão, destacam-se a recuperação do mercado de trabalho – com avanço dos índices de emprego formal – e o aumento da renda média das famílias.
“Apesar da pressão inflacionária observada nos itens sazonais, o cenário aponta para uma Páscoa de consumo aquecido. O equilíbrio entre renda disponível e ações comerciais bem estruturadas deve garantir o bom desempenho do período, reafirmando a data como uma das mais relevantes para o consumo das famílias”, diz Milan.
Dentre as estratégias para driblar a alta dos preços, cerca de 65% das redes supermercadistas pretendem fazer promoções específicas. Além disso, metade do setor reforçou parcerias com indústrias e fornecedores, para ter maior variedade e preços competitivos em ovos de chocolate, colombas, barras, bombons e produtos de confeitaria.
Consumo cai em fevereiro, mas têm alta no bimestre – O consumo nos supermercados teve queda de 4,25% em fevereiro ante janeiro, num movimento já esperado para o início do ano. No acumulado do primeiro bimestre, no entanto, houve alta de 2,24% e crescimento de +2,25% na comparação com fevereiro de 2024.
Os motivos são expansão da renda, redução da taxa de desemprego e continuidade dos programas sociais. Além disso, liberação do abono do PIS/Pasep e pagamento dos atrasados do INSS também ajudaram neste estímulo de consumo.
Segundo a Abras, a queda em fevereiro é explicada porque o mês teve um dia a menos do que em 2024, quando foram 29 dias e, agora, 28, além do fato de o Carnaval ter caído em março.
Outro ponto apontado é que, nos primeiros meses do ano, o orçamento das famílias é pressionado por despesas obrigatórias, como reajustes das mensalidades escolares, transportes, IPVA e IPTU.
“Apesar desse recuo pontual em fevereiro, o crescimento anual reflete fatores como o reajuste do salário mínimo, recursos dos programas de transferência de renda e melhora do mercado de trabalho”, diz Milan.