Até o dia 31 de agosto deste ano, o Caps II de Paranavaí registrou 19 casos de transtornos alimentares
Ana Cecilia Paglia
Da Redação
Os transtornos alimentares são cada vez mais frequentes na sociedade. Às vezes, os pacientes não sabem onde buscar ajuda. Em Paranavaí, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito, tendo como porta de entrada a Unidade Básica de Saúde (UBS).
O SUS disponibiliza atendimento por meio dos serviços do Centro de Atenção Psicossocial (Caps II), aberto a toda a população e com equipe multiprofissional. Os procedimentos envolvem a psicoterapia, que consiste em uma terapia comportamental, e o acompanhamento com nutricionista para passar por reeducação alimentar e ter suporte na recuperação. Em casos graves, pode ser necessária a hospitalização.
O suporte oferecido pelo Caps II é essencial para evitar complicações, sendo necessário seguir todas as etapas rigorosamente.
“Um tratamento incompleto pode levar a complicações sérias, como crises de saúde física, incluindo desnutrição extrema e complicações cardíacas; agravamentos das doenças psicológicas, como ansiedade e depressão; maior risco de recaída; dificuldade em manter a recuperação a longo prazo; e impactos negativos nas relações sociais e familiares”, explica o enfermeiro e coordenador do Caps II e do ambulatório de saúde mental, Igor Fernando Neves.
Os transtornos alimentares mais conhecidos e frequentes são a anorexia nervosa, a bulimia nervosa e a compulsão alimentar.
A anorexia nervosa (AN) é caracterizada pela restrição da ingestão de alimentos. As pessoas têm medo extremo de engordar, por isso evitam comer e emagrecem além do normal, passando por uma grande distorção da imagem corporal e negando a gravidade do atual estado de saúde.
A bulimia nervosa (BN) tem como marca a insatisfação corporal, que leva as pessoas a restringirem a alimentação, o que desencadeia episódios de compulsão alimentar. Na tentativa de controlar o peso corporal, buscam maneiras de emagrecer, por exemplo, o uso de laxantes e a prática intensa de atividades físicas.
O transtorno da compulsão alimentar (TCA) leva a episódios frequentes de consumo demasiado de alimentos. Essas situações ocorrem às escondidas, mas, diferentemente da bulimia, não são seguidas por atitudes de perda da massa muscular e de gordura (emaciação).
Nas situações causadas pelo TCA, as pessoas comem rapidamente e ingerem alimentos quando não estão com fome, sentem repulsa de si mesmas, além de culpa e angústia. Na maioria das vezes, os episódios ocorrem entre um período de duas horas.
O nível de repetições em que a compulsão alimentar se manifesta é um ponto para se atentar, de um a três de episódios por semana são considerados leves, de quatro a sete, são de gravidade moderada, de oito a 13, são graves e a partir de 14 são de gravidade extrema.
Segundo Neves, o grupo mais afetado pelos distúrbios é formado por jovens, sendo as mulheres as mais impactadas. A anorexia tem maior índice no público de 12 a 17 anos, já a bulimia é mais comum no início da vida adulta.
Para descobrir um transtorno é preciso primeiro notar os sinais, que incluem mudanças drásticas e repentinas no comportamento alimentar, preocupação excessiva com a massa corporal e as calorias ingeridas, isolamento social e sinais físicos, como emagrecimento significativo ou alterações na pele e no cabelo, além de mudanças de humor e aumento da ansiedade ou depressão.
As causas são diversas e incluem fatores biológicos, genética, histórico familiar e desequilíbrios químicos no cérebro; fatores psicológicos, como baixa autoestima, ansiedade e traumas emocionais; fatores socioculturais, pressões sociais e culturais em relação à imagem corporal e padrões de beleza; e fatores ambientais, influências familiares e bullying.
NUMEROS – Até o dia 31 de agosto deste ano, o Caps II de Paranavaí registrou 19 casos de transtornos alimentares, oito deles por bulimia nervosa, um por anorexia nervosa, um por anorexia nervosa atípica e nove por distúrbios não especificados. Em comparação aos últimos quatro anos, essa é uma decrescente, pois em 2020, o município registrou 28 casos; no ano de 2021, foram 49; em 2022, 39; e em 2023, também notificaram 49. “Apesar do número baixo, essa é uma grande preocupação para a saúde pública do município”, relata Neves.
*Texto: Ana Cecilia Paglia
Supervisão: Reinaldo Silva