ADÃO RIBEIRO
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Atual representante de Paranavaí na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), Tião Medeiros será candidato a deputado federal no ano que vem. A decisão está tomada e sem possibilidade de recuo ou, como concordou, “sem plano B”. Tanto que, enquanto pavimenta o seu caminho para a Câmara em Brasília, costura também a candidatura do novo postulante a deputado estadual, eventual “herdeiro” da sua cadeira. Ele fala de uma chapa capaz de unir a região para além de interesses pessoais ou de grupo. Em longa conversa com a reportagem, apontou articulações partidárias, citou apoios e também fez um balanço positivo dos seus sete anos de mandato na Alep até o momento.
O deputado recebeu a equipe do Diário do Noroeste em seu escritório em Paranavaí, nesta quinta-feira (24), por volta das 11h30. Confiante, informou que está buscando apoios, conversando com as lideranças dos municípios. Tem conseguido boa receptividade, antecipa. Salientou que respeita os acordos já feitos pelas lideranças para apoiar outros postulantes, mas tem a sua folha de serviços e o diálogo como instrumentos para conseguir adesões, baseadas em resultados práticos dos seus mandatos, isto é, verbas para diversas áreas das cidades – infraestrutura, saúde, educação etc.
Amadurecimento político – A decisão de Medeiros é resultado do amadurecimento político. Ele explica que há uma lacuna regional por falta de representantes em Brasília. Também, a sua condição de deputado estadual e um eventual terceiro mandato, poderiam mantê-lo numa zona de conforto. Por isso, a ideia do passo seguinte, mostrando para a região que é possível ter representação federal. O último deputado federal eleito com domicílio em Paranavaí foi o constituinte Dionísio Dal-Prá, no ano de 1986. Ele faleceu em maio de 2014.
Resultados – Medeiros dá exemplos práticos da falta que faz um deputado local. No caso da Saúde, a Santa Casa de Cascavel recebeu R$ 12 milhões de verbas federais em 2020, enquanto a Santa Casa de Campo Mourão obteve R$ 6 milhões. Por outro lado, a Santa Casa de Paranavaí teve apenas R$ 1,5 milhão. A diferença entre as regiões, opinou, é que as duas primeiras têm representação em Brasília. Para o deputado estadual, trata-se de uma questão de prioridade. O parlamentar eleito pela região vai levar os recursos prioritariamente para o seu domicílio. É esta lógica que pretende mostrar.
Na visão dele, o momento é adequado. Lideranças tradicionais (citou Edmar Arruda e Osmar Serraglio) estão em novo momento. Por outro lado, eleitos em 2018 apresentam características diferentes. O caso do Sargento Fahur, por exemplo, que atua de forma segmentada e não diretamente nos municípios. “Não se trata de ser pior ou melhor, apenas diferente”, ponderou, complementando que faz apenas uma análise de conjuntura.
Leitura política – Tião já mostrou habilidade neste xadrez político ao participar de quatro campanhas. Foi candidato a deputado estadual em duas oportunidades e apoiou o atual prefeito de Paranavaí Carlos Henrique Rossato Gomes (KIQ) em dois pleitos, sempre com vitória.
É esse jogo de xadrez que está em curso novamente. Tanto que antecipa a saída do PTB, pois avalia que não há chance de vitória na composição atual da sigla pela qual disputou os pleitos de 2014 e de 2018. Há vários caminhos e até a janela partidária do mês de março as conversações seguem intensas, incluindo o Progressistas (PP), do deputado federal Ricardo Barros (líder do Governo Bolsonaro); o Democratas, presidido no Estado pelo deputado Pedro Pupion; o PSD do governador Ratinho Júnior; o Podemos, que tem entre as suas lideranças o ex-prefeito César Silvestri Filho, de Guarapuava. Como resume, são conversas francas, baseadas “no fio do bigode”, até o momento da filiação e formação de chapa para a disputa eleitoral.
O deputado estadual – O parlamentar também não esconde as preferências quando o assunto é o companheiro de chapa para a dobrada federal/estadual. Entende que o prefeito KIQ é muito viável por conta do seu apoio popular e boa gestão no município. Decisão, no entanto, passa por questões pessoais e familiares. KIQ já revelou em entrevista ao DN que iria analisar a proposta e que a sua família será determinante. Também fala que não tem ambição pessoal de fazer carreira na política.
Caso não se concretize a chapa com KIQ, Tião Medeiros entende que o atual presidente da Câmara de Vereadores, médico Leônidas Fávero Neto, possui semelhantes possibilidades. Ele se projetou na política com dois mandatos de vereador, tem afinidades regionais e, de forma particular, com o segmento da saúde. Leônidas também já confirmou ao DN que será candidato caso KIQ não vá para o pleito e que Medeiros é seu deputado federal. O prazo definitivo para uma definição, avaliou, é o mês de julho.
Nos cenários das candidaturas majoritárias, Tião Medeiros confirmou que por enquanto tem definido o apoio à reeleição do governador Ratinho Júnior. No plano federal (presidente) será preciso avaliar o cenário, já que há muitas possibilidades em curso. Por enquanto, entende, certo é que o presidente Jair Bolsonaro irá concorrer. Para senador, opinou que gostaria de ver o atual chefe da Casa Civil, Guto Silva, como postulante, já que se apresenta como pré-candidato. “É meu amigo pessoal e terá o meu apoio”, resumiu.
(Por se tratar de uma entrevista longa, outros tópicos, como avaliação dos dois mandatos de deputado estadual, ficarão para futuras edições).