Se questionado no início de 2023 sobre as expectativas com o Atlético Clube Paranavaí (ACP), nem mesmo o torcedor mais otimista apostaria no sucesso da equipe. O ano trouxe grandes mudanças para o clube, coroado com o acesso para a Série B e o título da Terceirona do Paranaense, conquistado domingo (3).
O ACP começou a temporada com diversas incertezas sobre o futuro. A maior delas, se o clube se manteria de portas abertas, dúvida gerada pela grave crise financeira que enfrentava.
Ao decorrer dos meses as chances de um novo grupo assumir a direção do time e fazer aportes financeiros para tentar resgatar o clube foi crescendo. Essa possibilidade se tornou realidade no dia 16 julho, data em que a chapa União de Todos venceu as eleições e Nivaldo Mazzin voltou à presidência executiva após alguns anos longe do ACP.
A chapa vencedora foi formada pela união de empresários e apoiadores do projeto de reconstrução do ACP, entre eles estão Lucas Barone, Adriano Spadoto e o prefeito de Paranavaí, Carlos Henrique Rossato Gomes (Kiq).
A nova diretoria e todos os envolvidos no projeto trouxeram esperanças que já não se viam há muito tempo no torcedor do Vermelhinho. As expectativas foram se elevando conforme se aproximava o inicio da Série C.
Para a disputa, os gestores apostaram em um grupo com diversos atletas jovens e no treinador Willian Sander, que teve passagem pelo CRB de Alagoas e tem por característica fazer o time jogar com posse de bola, trocando passes desde a defesa.
Após uma curta pré-temporada, a equipe estreou no estadual, e jogando em casa foi goleada por 4 x 0 pelo Nacional.
“Após a derrota eu vi os jogadores indignados e revoltados com o resultado. Ali ficou claro que iríamos subir de divisão, pelo caráter dos atletas”, comentou Willian Sander.
Nos jogos seguintes, o time venceu e convenceu o torcedor e trouxe novamente a esperança criada antes do início do campeonato.
Enquanto a equipe ia bem dentro de campo, as mudanças nos bastidores continuavam, e a maior de todas aconteceu em 24 de outubro, quando por unanimidade o Conselho Deliberativo aprovou a criação e a venda da Sociedade Anônima de Futebol -SAF do clube. A proposta aceita pelos conselheiros foi de mais de R$ 3 milhões por 99% das ações.
Voltando para os gramados, o time comandado por Willian Sander terminou a primeira fase do campeonato com a segunda melhor campanha da competição ficando atrás apenas do Nacional.
Nas semifinais, o ACP eliminou o Campo Mourão e garantiu o acesso para a Série B e a vaga para a final, decisão na qual voltou a enfrentar o Nacional.
No primeiro jogo em Paranavaí, o Vermelhinho ganhou por 2×0 e na partida de volta venceu por 1×0 ficando com o título da competição.
O belo futebol apresentado pela equipe rendeu números expressivos dentro da competição. O ACP venceu 11 vezes, perdeu duas vezes e empatou uma, marcou 35 gols e sofreu apenas 8.
O treinador Willian Sander afirma que durante a competição ficou nítida a evolução do time e da apresentação de um futebol vistoso, diferente do que os torcedores estão acostumados a ver na divisão.
“Fico feliz de a equipe ter comprado a ideia de jogo e o modelo proposto, mas os méritos são todos dos atletas. Também me deixa contente sair de uma Terceira divisão em que todos falam da forma que jogamos”, disse Sander.
Diretor de Futebol do ACP, Adriano Pimenta ressaltou que este foi um primeiro passo de um grande projeto. “Foi tudo programado e planejado.”
Com passagens pelo clube entre 2014 e 2015, época em que era jogador, Pimenta também falou da sensação de dever cumprido. “Na época em que estive como jogador batemos na trave para conseguir acesso para a primeira divisão. Neste ano, conseguir o título… me faltam palavras para descrever a emoção.”
Nivaldo Mazzin, presidente executivo, também afirma que o projeto do clube é a longo prazo e que além do título, a restruturação do clube e o resgate do torcedor foram muito importantes nesta temporada. “Temos a próxima divisão, que não é fácil, mas vamos continuar o trabalho para chegar à Série A e nos manter lá.”
