O motociclista Mudri Hul, de 25 anos, perdeu sua vida na noite de 24 de novembro ao ser atingido por um ônibus da prefeitura de Pinhão, município a 39 km de Guarapuava. Em um cruzamento do bairro Santa Cruz, em Guarapuava, o motorista do ônibus contou que perdeu o freio e não conseguiu parar, invadindo a preferencial e resultando na colisão fatal que vitimou o jovem.
Um relatório da PRF, de janeiro a abril de 2020, que contabilizou 19.574 ocorrências em rodovias, chegou à conclusão de que a falta de manutenção dos veículos é uma das principais causas de acidentes de trânsito no Brasil. Entre as causas, defeitos em veículos ficou em quinto lugar, logo atrás de ingestão de álcool, com apenas dois pontos percentuais de diferença.
Segundo estimativa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), são 45 mil mortos por ano no trânsito brasileiro e os acidentes envolvendo motocicletas geram 1/3 das mortes totais em sinistros de trânsito no país, segundo dados do Observatório Nacional de Segurança Viária.
A Inspeção técnica veicular para fiscalizar o estado dos veículos em circulação pode contribuir com a segurança no trânsito, evitando a ocorrência de acidentes causados pela falta de itens de segurança obrigatórios, em más condições ou mesmo fora das especificações.
A assessora jurídica da Associação Paranaense dos Organismos de Inspeção (APOIA), Fernanda Kruscinski, diz que situações como essa podem ser comuns em função da falta de manutenção do freio pelos ônibus do transporte coletivo. “Situação lamentável, diariamente inúmeros motociclistas são vítimas de acidentes de trânsito no Brasil. Nessa situação, em especial, pela declaração do motorista do ônibus, ao que tudo indica, o grande responsável pelo acidente foi a falta de manutenção adequada no veículo, que resultou na falta de freios no momento essencial, ocasionando a morte prematura do motociclista”. A advogada, que é especialista em Direito Administrativo voltado à Segurança Veicular é enfática ao afirmar que acidentes como esse poderiam ser evitados se os veículos fossem inspecionados periodicamente por especialistas.
Ao contrário dos veículos de transporte de turismo que circulam por rodovias, os ônibus urbanos ainda não são obrigados a passar por uma inspeção técnica. Eles são verificados pelas empresas que dá gestão ao transporte coletivo dos municípios – visualmente, pintura, sinalização, e sistema de iluminação, higiene e situação dos pneus, mas sem o uso de equipamentos adequados.
A APOIA sugere que sejam feitas inspeções anuais, para que acidentes por falta de manutenção sejam evitados e luta para que isso se torne obrigatoriedade. A inspeção necessita de equipamentos de precisão e calibrados e aferidos para esse tipo de avaliação, como o frenômetro, e a análise no fosso com equipamentos para examinar pneus, possíveis folgas, danos estruturais, além da segurança das análises do sistema mecânico feitos por equipe de técnicos e engenheiros capacitados e qualificados.
Para Kruscinski, a inspeção de segurança veicular em ônibus é essencial e deve ser respeitada pelos gestores responsáveis pelas frotas. “Ela é uma garantia para a segurança do motorista, dos passageiros e dos demais envolvidos na via”, comenta.
Mesmo que não seja obrigatória por lei, a inspeção periódica, realizada por empresas credenciadas e com utilização de equipamentos adequados, traz mais segurança tanto para os passageiros quanto para os motoristas dos veículos de transporte coletivo.
Em período de férias, a situação de manutenção dos veículos é ainda mais importante. É preciso ficar atento para que o momento de lazer não se torne um pesadelo. Realizar as revisões e manutenções em dia é essencial.
“Tudo é importante na inspeção veicular, visto que o conjunto dos dispositivos de segurança é que vai garantir a maior confiabilidade na condução do veículo e a redução de acidentes como esse. Podemos mencionar os freios, os pneus e o sistema de iluminação como os grandes protagonistas dos maiores índices de reprovação”, comenta a assessora.