Também estão na lista de exceções aeronaves civis e componentes usados pela aviação como motores, peças, subconjuntos e simuladores de voo
REINALDO SILVA
Com informações da Folhapress
Em decreto assinado nesta quarta-feira (30), o presidente estadunidense Donald Trump isentou do tarifaço sobre produtos brasileiros o suco e a polpa de laranja. A decisão tem impacto direto na economia da Região Noroeste, considerada principal polo citrícola do Paraná.
Paranavaí é responsável por 12% da produção brasileira de suco de laranja para exportação. Em 2024, as vendas para o exterior alcançaram a marca de USD 127 milhões, dos quais USD 10,9 milhões resultaram das negociações com os Estados Unidos.
O setor se manteve apreensivo desde 9 de julho, quando Trump anunciou que implementaria taxa adicional de 40%, elevando a tarifa para 50%, maior valor para países que exportam aos Estados Unidos. À época, ele informou que esse percentual teria aplicação em todos os produtos com origem no Brasil.

Foto: Arquivo DN/Ivan Fuquini
O documento recém-divulgado, no entanto, listou exceções. Além dos derivados da laranja, estão isentos da medida artigos de aeronaves civis e componentes como motores, peças, subconjuntos e simuladores de voo; produtos de ferro, aço, alumínio e cobre; fertilizantes; e itens ligados ao setor de energia, tais como carvão, gás natural, petróleo e derivados e energia elétrica.
Dois dias depois do anúncio de Trump, o Diário do Noroeste conversou com diretores da indústria Zanoni Equipamentos, de Paranavaí, que fabrica itens em aço inoxidável para aeronaves nacionais e internacionais. 80% são destinados a aviões agrícolas e 20% a máquinas de pulverização terrestre.
As exportações representam 20% do volume de produção, sendo metade desse percentual vendido aos Estados Unidos, país com o qual a Zanoni Equipamentos mantém parcerias comerciais desde 2017. A partir do decreto presidencial, a indústria de componentes de aviação em Paranavaí tampouco sofrerá diretamente os efeitos da sobretaxa imposta pelo governo de Trump.
Decreto
No documento assinado nesta quarta-feira, o presidente estadunidense justifica a aplicação das novas tarifas: “Políticas, práticas e ações recentes do Governo do Brasil ameaçam a segurança nacional, a política externa e a economia dos Estados Unidos”.
O decreto fala de ações que infringem os direitos de livre expressão, violam os direitos humanos e minam o interesse que os Estados Unidos têm em proteger seus cidadãos e suas empresas.
Trump volta a citar o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, apontando o que considera perseguição política. “O Governo do Brasil acusou injustamente Bolsonaro de múltiplos crimes relacionados à eleição de segundo turno em 2022.” A interpretação é que os processos fabricados ameaçam o desenvolvimento ordenado das instituições políticas, administrativas e econômicas brasileiras.
Tudo isso, acrescenta texto, compromete a capacidade do Brasil de realizar eleição livre e justa para a Presidência em 2026. “O tratamento dado pelo Governo do Brasil ao ex-presidente Bolsonaro também contribui para a deliberada deterioração do estado de direito no Brasil, para intimidação politicamente motivada naquele país e para abusos de direitos humanos.”
Jair Bolsonaro é investigado por suposta participação em uma trama golpista para se manter na Presidência da República após derrota nas urnas em 2022. O processo também apura o envolvimento do ex-presidente nos atos de vandalismo e depredação de 8 de janeiro, na sede dos três poderes em Brasília, e no plano de assassinar o presidente e o vice eleitos, respectivamente Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin, além do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.