REINALDO SILVA
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Na última quinta-feira (7), a equipe da Unidade Básica de Saúde (UBS) Zona Leste, em Paranavaí, realizou 16 exames preventivos de câncer do colo do útero. Foi um dia movimentado, com atendimento em horário estendido, até 19h. Normalmente, o número de pacientes que vão até o posto diariamente com essa finalidade é menor do que dez. “É importante procurar ajuda e identificar o problema o quanto antes”, diz a técnica em Enfermagem Aparecida de Oliveira, popularmente chamada de Cidinha.
A intensificação nas ações voltadas para a saúde das mulheres faz parte da campanha Outubro Rosa, com atenção para a prevenção de doenças. Desde o início do mês, as UBSs de todo o Noroeste do Paraná estão funcionando em turnos diferenciados, inclusive com expediente aos sábados. Os horários alternativos para as coletas de exames possibilitam que mais pessoas participem.
Coordenadora regional da Saúde da Mulher, a enfermeira Natalia Paszczuk explica que o objetivo é promover a conscientização sobre os sinais e sintomas dos cânceres de mama e do colo do útero, bem como informar sobre os fatores de proteção. Conforme avalia, o acesso aos serviços de diagnóstico precoce e tratamento contribui para a redução da mortalidade.
O Ministério da Saúde recomenda que o Papanicolau seja feito por mulheres (ou qualquer pessoa com colo do útero, incluindo homens transexuais e pessoas não binárias designadas mulheres ao nascer) de 25 a 64 anos de idade. De acordo com Natalia Paszczuk, os dois primeiros exames do colo do útero devem ser feitos anualmente. Se os resultados estiverem normais, é necessário repetir a cada três anos.
No caso da mamografia de rastreamento, quando não há sinais ou sintomas suspeitos de câncer, a faixa etária é de 50 a 69 anos. Quando é necessária a investigação de lesões, a mamografia diagnóstica é recomendada para mulheres de qualquer idade, conforme avaliação do médico.
A coordenadora regional da Saúde da Mulher destaca que os 28 municípios do Noroeste do Paraná somam 65.100 moradoras com 25 a 64 anos, portanto, devem fazer o Papanicolau. No entanto, apenas 12.519 buscaram o Sistema Único de Saúde (SUS) para fazer o exame preventivo do câncer do colo do útero em 2019. O número de pacientes foi ainda menor em 2020, ano marcado pelo início da pandemia de Covid-19, com restrições mais severas de circulação de pessoas: 10.921 mulheres fizeram o exame. De janeiro a julho de 2021, foram 4.676.
Nesse sentido, Natalia Paszczuk fala da necessidade de ampliar o alcance dos serviços públicos. Têm papel preponderante os agentes comunitários de saúde (ACSs), profissionais que estão em contato direto com a população, através da Estratégia Saúde da Família (ESF). O ideal é que as equipes conheçam as condições de saúde das moradoras e orientem sobre as medidas de prevenção ao câncer. A orientação é que façam a chamada busca ativa, passando por todas as casas da área de atuação.
Em média, cada ACS é responsável por 750 moradores. A proporção não é a ideal, mas garante alcance importante do SUS junto às comunidades do Noroeste do Estado. De acordo com a coordenadora regional da Saúde da Mulher, até o início de 2022 um programa do Governo Federal – Saúde com Agente – deverá ser implantado para dar mais condições de atuação às equipes da ESF. Todos os municípios fizeram a adesão, afirma Natalia Paszczuk.
Câncer de mama – Quatro a cada cinco casos de câncer de mama são diagnosticados em mulheres acima dos 50 anos. É o tipo mais frequente entre o público feminino, seguido do câncer colorretal e do colo do útero. Pode ser desencadeado por uma série de fatores, por exemplo, sobrepeso e obesidade, consumo regular de bebidas alcoólicas, tabagismo, sedentarismo e fatores hereditários. Para reduzir os riscos de desenvolver a doença, é necessário adotar hábitos saudáveis e praticar atividades físicas.
A enfermeira da 14ª Regional de Saúde aponta alguns sinais que identificam o câncer de mama: nódulo palpável, geralmente fixo e indolor; saída espontânea de líquido anormal pelo mamilo; retração ou alteração na forma do mamilo; aumento progressivo do tamanho da mama; e nódulos nas axilas ou pescoço.
A detecção precoce é fundamental para que o tratamento seja eficiente. A orientação é observar e apalpar as mamas durante o banho ou quando for trocar de roupas. A própria mulher pode perceber os sinais da doença. Diante de qualquer alteração, é fundamental buscar ajuda médica.
Colo do útero – Tabagismo, início precoce da atividade sexual e uso prolongado de anticoncepcionais são alguns comportamentos de risco que podem levar ao câncer de colo do útero. Uma importante estratégia para a prevenção é a vacinação contra o HPV, vírus que pode dar origem a células cancerígenas. Mas é importante destacar: mesmo mulheres vacinadas devem fazer o exame preventivo.
Natalia Paszczuk lista sintomas da doença nos casos mais agravados: sangramento vaginal intermitente, sangramento após a relação sexual, secreção vaginal anormal e dor abdominal associada a queixas urinárias ou intestinais.
UBS Zona Leste – A técnica em Enfermagem Marlene Lamberti fala da necessidade de alertar as mulheres sobre a prevenção. Conta que as ações são realizadas ao longo de todo o ano, mas ganham maior alcance durante o Outubro Rosa. A estratégia utilizada pela equipe da UBS Zona Leste foi decorar o prédio com frases e cores que remetem à campanha.
Outubro Rosa – A campanha surgiu em 1990, em Nova Iorque, durante um evento chamado “Corrida pela Cura”. Ganhou adeptos, cresceu e se espalhou pelo mundo. O nome remete à cor do laço rosa, símbolo internacional na luta contra o câncer de mama. No Brasil, o Outubro Rosa se intensificou a partir de 2008, com ações mais frequentes voltadas para a saúde das mulheres.