A última tarde de atividades da Fiman 2025, nesta quinta-feira (27), foi aberta com uma palestra que destacou um dos temas mais urgentes e estratégicos para o futuro da mandiocultura brasileira: a sustentabilidade. O pesquisador da Embrapa, Marco Antônio Sedrez Rangel, apresentou o tema “Oportunidades para a cadeia produtiva da mandioca nas políticas do MAPA com base em sustentabilidade”, trazendo reflexões sobre inovação, políticas públicas e o papel do produtor diante das novas exigências do mercado.
Logo no início, Rangel destacou que o público poderia esperar uma conversa franca e direta sobre o cenário atual. Para ele, a cadeia produtiva da mandioca vive um momento decisivo, no qual entender as transformações do mercado e as diretrizes das políticas ambientais não é mais uma opção, é uma necessidade.
Segundo o pesquisador, a inovação precisa estar no centro das atenções. “O produtor tem capacidade de se adequar, mas precisa acompanhar mais de perto as tecnologias e as políticas que já estão em vigor”, afirmou. Ele ressaltou que a cadeia da mandioca não está atrasada, como muitos imaginam, mas que ainda carece de maior engajamento e atualização por parte dos agentes envolvidos.
Entre as políticas públicas discutidas, Rangel deu destaque ao Plano ABC+, considerado hoje uma das iniciativas mais fortes do Estado para a mitigação de carbono e promoção de práticas sustentáveis. Ele lembrou que o Crédito Rural já está amplamente vinculado ao cumprimento de diretrizes ambientais e que quem não estiver alinhado às práticas sustentáveis corre o risco de perder competitividade.
“Hoje, quem não está ligado à sustentabilidade não tem vez. Isso não é pauta de governo, é pauta de Estado, é demanda da sociedade e do mercado internacional”, enfatizou.
Rangel também chamou atenção para o papel fundamental das instituições públicas na cadeia da mandioca. Como o setor não conta com um mercado robusto de insumos privados, entidades como o IDR-Paraná, Iapar, Emater e a própria Embrapa seguem sendo as principais fontes de pesquisa, assistência técnica e articulação estratégica. Mesmo enfrentando desafios, essas instituições continuam atuando ativamente para fortalecer a cadeia e apoiar o desenvolvimento regional.
Ao abordar a relevância econômica da mandioca, o pesquisador lembrou que a cultura ocupa posição de destaque no país: entre quinta e sexta colocação no valor bruto de produção no Paraná, e chegando ao primeiro ou segundo lugar em diversos estados do Nordeste e no Pará. Para ele, esse peso precisa ser reconhecido nas políticas públicas, mas depende também da organização do setor produtivo. “É preciso ter uma cadeia mais unida, mais forte e que saiba o que quer”, reforçou.
A palestra abriu o último dia de programação da Fiman 2025, reafirmando o papel do evento como espaço de atualização técnica, integração institucional e visão estratégica para o futuro da mandiocultura industrial brasileira. Com uma plateia atenta, o debate sobre sustentabilidade veio com um convite claro: o futuro da cadeia da mandioca passa pela inovação, pela união e pelo compromisso com as práticas sustentáveis.







