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OPINIÃO

Uma epidemia chamada feminicídio

Por Fernando Ringel

Um casal vivendo em apartamento de luxo, no litoral. Eis a vida que muita gente pediu a Deus. Porém, a morte de Eduarda Gorgik e de seu marido, Sergio Correa, em Itapema, Santa Catarina, evidencia que nem todo conto de fadas tem um final feliz.

A polícia ainda investiga o caso, mas tudo teria começado com uma discussão em um churrasco. A principal hipótese é de que, no último dia 14, o homem teria atirado em sua companheira e contra si mesmo.

Para quem vive atrás de notícia, não chega a surpreender. Revirando portais, rádios e TVs, vejo pelo menos um fato desse tipo por dia. O mais comum são dois. Prova disso aconteceu no domingo (21), quando um homem de Camboriú, ao lado de Itapema, esfaqueou a própria esposa após uma suposta traição.

De acordo com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, entre janeiro e outubro de 2023, foram 1.158 feminicídios em todo o país, vitimando uma média de quatro mulheres por dia.

Porém, esses são só os casos denunciados à polícia, e quanto àqueles em que a agressão não resultou em ferimento grave e ninguém fica sabendo?

Primeiro as damas?

Segundo o Censo 2022, 51,5% da população são mulheres. Entretanto, na política os números não chegam nem perto desse percentual. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nas eleições municipais de 2020, foram eleitas 651 prefeitas e 4.750 prefeitos. Nas câmaras municipais, são 9.196 vereadoras e 48.265 vereadores.

Isso explica muita coisa porque só quem sente na pele sabe como é. Como quem não tem voz não é ouvido, as eleições de 2024 estão aí para mudar isso. Basta pensar, quem vota igual pode ter resultados diferentes?

Enquanto a vida segue, fica a questão: e se o brasileiro se indignasse com os níveis de violência contra mulher com a mesma gana com que defende Lula ou Bolsonaro na internet?

Talvez, se a Bolsa de Valores caísse a cada feminicídio que aparecesse na mídia, a coisa já estaria em uma situação diferente. Mas o tema não parece ter essa importância toda, afinal, são apenas as nossas esposas, filhas, irmãs, amigas… Vai ver, existem assuntos mais importantes neste país.

Enfim, para quem questiona a gravidade do tema, fica a pergunta: e se Maria, mãe de Jesus, fosse uma dessas mulheres?

Fernando Ringel é jornalista e professor da Fundação Universidade Regional de Blumenau (FURB)

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