Registro foi divulgado nesta terça-feira (6) após cerca de dois anos de trabalho
Após colheita de 1,2 mil quilos por hectare na última safra, produtores de urucum de Paranacity e de Cruzeiro do Sul comemoram a conquista do registro de Indicação Geográfica (IG) por Indicação de Procedência (IP), a primeira do Brasil para esse tipo de fruto. O registro, concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), chancela a marca “urucum de Paranacity” e reconhece a excelência do produto, que se destaca pelo alto teor de bixina e pelo manejo diferenciado. Para os agricultores da região, o selo representa mais valor agregado, acesso a novos mercados e a consolidação de uma identidade produtiva com potencial nacional e internacional.
O registro foi divulgado nesta terça-feira (6) após cerca de dois anos de trabalho. Isso significa que o produto foi reconhecido pela sua qualidade, que deriva de características climáticas e do solo, mas especialmente do manejo, com plantio e cuidados adequados para atingir o melhor do fruto.
Basta macerar as sementes de urucum nos dedos para notar o potencial corante natural vermelho do fruto. Enquanto os comuns têm cerca de 3% de bixina (o pigmento), o urucum de Paranacity atinge mais de 5%. O produto é utilizado em indústrias têxteis, cosméticas, farmacológicas, alimentícias e como condimento – nas cozinhas dos lares, é conhecido como “colorau” ou “colorífico” e utilizado para dar cor a variados pratos.
Expectativa – A produção local do fruto data do fim da década de 1970 ao início dos anos 1980. Os municípios são tradicionalmente conhecidos pelo cultivo do urucum e, aliás, são os maiores produtores do Paraná, concentrando 600 hectares de urucuzeiros – originários da região amazônica.
Ultimamente, em anos de preço bom, o quilo sai a cerca de R$ 22. Com a IG, a expectativa é que a comercialização seja ainda mais lucrativa. Além disso, os agricultores, que vendem quase toda a produção para São Paulo, ampliarão suas chances de negociações e de exportação direta. Outro ganho com a IG é disseminar boas práticas de cultivo.
Luta pelo reconhecimento – O trabalho pela conquista da IG foi realizado pela Associação dos Produtores de Urucum de Paranacity e Região (Aprucity), Sebrae/PR, prefeituras de Paranacity e de Cruzeiro do Sul, Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab) e Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Foi preciso cumprir uma série de requisitos, como a criação de um Caderno de Especificações Técnicas para a padronização do manejo, dentre outros documentos para atestar a distinção e a qualidade da produção local.
“Estamos empenhados, agora, em trabalhar no desenvolvimento da cadeia do urucum para agregar mais valor e para conseguir novos mercados, bem como ajudar o município e os agricultores na implementação de um centro de inovação e referência, o que é um sonho da região e que pode transformar a realidade local”, destaca o consultor do Sebrae/PR, Luiz Carlos da Silva.