LEONARDO AUGUSTO
BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – Duas vítimas da falsa enfermeira que aplicava o que afirmava ser vacina contra Covid-19 em Minas Gerais pediram à Justiça a devolução do dinheiro que pagaram à mulher pelas doses do suposto imunizante.
O pedido consta em denúncia apresentada pelo Ministério Público de Minas Gerais, no último dia 8, contra a falsa enfermeira Cláudia Mônica Pinheiro Torres de Freitas por associação criminosa, estelionato, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.
Segundo explicação da Promotoria, as vítimas podem requerer o dinheiro de volta por terem sido vítimas de estelionato, conforme a legislação. Caberá à falsa enfermeira, caso o pedido seja acatado pela Justiça, fazer a devolução do dinheiro.
O Ministério Público afirma que centenas de pessoas caíram no golpe da falsa enfermeira. Porém, apenas duas entraram com representação pedindo o ressarcimento. Uma cobra R$ 2.280 e a outra, R$ 6.500.
Conforme a Promotoria, um pagou por cinco doses e, o outro, por dez.
Também segundo a instituição, a movimentação financeira da falsa enfermeira com o golpe foi de aproximadamente R$ 700 mil.
O golpe passou a ser investigado depois que moradores do bairro Caiçara, em Belo Horizonte, publicaram nas redes sociais, em março do ano passado, vídeos de uma mulher de jaleco branco aplicando injeções em pessoas dentro de carros na garagem de uma empresa de ônibus.
A Polícia Militar foi chamada. Todos fugiram do local antes da chegada dos PMs. Um boletim de ocorrência foi registrado. Depois, as investigações apontaram que a mulher de branco era a falsa enfermeira Cláudia.
À época, a vacinação contra Covid-19 no Brasil já havia começado, mas ainda estava restrita a profissionais de saúde e população mais idosa. Segundo a Polícia Federal, que investigou o caso, a falsa enfermeira agia sobretudo em condomínios luxuosos de Belo Horizonte e região metropolitana.
Em setembro do ano passado, a PF conclui as investigações e apontou que a falsa enfermeira havia aplicado um golpe, inoculando soro fisiológico nas vítimas em vez de vacina contra Covid-19. Em fevereiro deste ano, a corporação indiciou Cláudia por crimes como falsidade ideológica e falsificação de documentos e enviou a investigação ao Ministério Público.
Além da falsa enfermeira, a Promotoria indiciou familiares da mulher por associação criminosa, estelionato e lavagem de dinheiro. Os parentes participaram do esquema ajudando Claudia na busca de vítimas e na movimentação financeira em bancos.
“C.M.P.T.F. (iniciais de Claudia), ardilosamente, fazia se passar por enfermeira, sem possuir tal qualificação, preparava e aplicava as substâncias por ela descritas como imunizantes contra a Covid-19, utilizando o nome do laboratório Pfizer, fazendo as vítimas acreditarem que se tratavam de vacinas contra a Covid-19, quando, na realidade, a substância aplicada tratava-se de soro fisiológico”, diz a denúncia do Ministério Público.
As penas para os denunciados podem chegar a 15 anos de prisão.
O advogado da falsa enfermeira, Bruno Agostini, afirmou que não fará comentários sobre o pedido de ressarcimento pelas vítimas de sua cliente por não ter tido acesso à denúncia do Ministério Público.
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